Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Vídeo-MOC

VOLUME 11 ● NÚMERO 16

CÂNCER DE MAMA NA PRÁTICA – CASO CLÍNICO 03 
EMPREGO DE IMUNOTERAPIA NO TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA TRIPLO-NEGATIVO METASTÁTICO.

Os estudos iniciais explorando o uso de imunoterapia no câncer de mama triplo-negativo avançado demonstraram sua atividade no tratamento dessa neoplasia, particularmente em linhas de tratamento mais precoces, porém com eficácia limitada quando utilizada em monoterapia. Outro achado de bastante relevância nesses estudos foi a demonstração do benefício prolongado em pacientes que apresentaram resposta ao tratamento imunoterápico1,2. A partir disso, como uma estratégia para otimizar os desfechos no tratamento com o uso de imunoterápicos, a combinação com quimioterapia foi explorada, tanto por ser uma terapia oncológica consagrada e profundamente conhecida, como também pelo fato de possuir um potencial efeito sinérgico com a imunoterapia a partir da modulação do sistema imune e do microambiente tumoral3.

O estudo IMpassion130 randomizou 902 pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático entre tratamento de primeira linha com a combinação de atezolizumabe e nab-paclitaxel ou placebo associado a nab-pacltiaxel. Destaca-se que dentre os fatores de elegibilidade, as pacientes deveriam apresentar doença metastática de novo ou recidiva após ≥ 12 meses do término do tratamento quimioterápico com intenção curativa. A análise final de sobrevida global, apresentada no ESMO Virtual Congress 2020, demonstrou que o tratamento combinado não foi associado a benefício em sobrevida global na avaliação da população global do estudo (HR=0,87; IC de 95%: 0,75-1,02; p=0,077). Entretanto, a análise exploratória das pacientes com expressão positiva de PDL-1, avaliada nas células imunes utilizando o anticorpo SP142, demonstra sobrevida global mediana de 25,4 versus 17,9 meses em favor do braço atezolizumabe com nab-paclitaxel (HR=0,67; IC de 95%: 0,53-0,86). Ainda na população selecionada, a taxa de resposta e resposta completa foram superiores no braço que recebeu o anticorpo (59% versus 43% e 10% versus 1%, respectivamente). Na análise de segurança, os eventos adversos relacionados ao tratamento foram de uma maneira geral manejáveis, porém merece destaque a presença de eventos adversos imuno-mediados, tais como alterações tireoideanas (17%) e rash cutâneo (34%)4.

Confira neste vídeo-MOC uma enriquecedora apresentação conduzida pelo Dr. Romualdo Barroso-Sousa, oncologista e coordenador de pesquisa translacional do Hospital Sírio Libanês de Brasília, sob a moderação do Dr. Antonio C. Buzaid, editor do MOC, a respeito do emprego de imunoterapia no tratamento do câncer de mama triplo-negativo metastático.

  1. JAMA Oncol 5:74, 2019.
  2. Ann Oncol 30:405, 2019.
  3. Cancer Immunol Res 3:436, 2015.
  4. Ann Oncol 31:abstr LBA16, 2020.

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