Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Pulmão

MOC na ESMO – Câncer de Pulmão

Estudo de fase III randomizado IMPRESS: gefitinibe + quimioterapia versus quimioterapia no câncer de pulmão de células não pequenas, positivo para mutação do EGFR, após progressão na primeira linha com gefitinibe

A maioria dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas, EGFR mutado, respondem a primeira linha de inibidores de tirosina quinase do EGFR, porém, eventualmente, adquirem resistência a esse tratamento. O estudo fase III, duplo-cego, Impress (NCT01544179), avaliou a eficácia e a segurança da manutenção de gefitinibe em combinação com cisplatina e pemetrexede versus placebo mais cisplatina e pemetrexede em pacientes com resistência adquirida a primeira linha com gefitinibe.

Pacientes com idade ≥ 18 anos (no Japão ≥ 20 anos), virgens de quimioterapia (QT) prévia, com câncer de pulmão de células não pequenas, localmente avançado/metastático, com mutação do EGFR e progressão da doença documentada na primeira-linha com gefitinibe, em 71 centros na Europa, na Ásia e no Pacífico foram randomizados para gefitinibe ou pemetrexede (gefitinibe, 250 mg/dia ou placebo) em combinação com cisplatina, 75 mg/m² e pemetrexede, 500 mg/m²). O desfecho primário foi a sobrevivência livre de progressão (SLP). Os endpoints secundários incluíram a sobrevida global (SG), a taxa de resposta objetiva (TRO), taxa de controle da doença (TCD) e segurança/tolerabilidade.

Os resultados encontrados foram:

  • 265 pacientes foram randomizados (gefitinibe=133, pemetrexede=132).
  • Não houve melhora estatisticamente significativa na SLP para gefitinibe versus pemetrexede (HR=0,86; IC de 95%: 0,65-1,13; p=0,273; SLP mediana de 5,4 meses cada).
  • Os dados de SG eram imaturos (33% dos pacientes haviam morrido), com melhor SG para pemetrexede versus gefitinibe, apresentando diferença estatisticamente significativa (HR=1,62; IC: 1,05-2,52; p=0,029).
  • Nenhuma diferença foi encontrada em TRO/TCD.
  • Os eventos adversos mais comuns (EAs) na população de segurança (gefitinibe/ pemetrexede, ambas n=132) foram náusea (64/61%) e diminuição do apetite (49/34%), sem doença pulmonar intersticial observada.
  • O gefitinibe foi associado com aumento de toxicidades gastrointestinais Grau 1 e 2.
  • EAs com resultado de morte relatada: com gefitinibe foram 2 relacionados casualmente a gefitinibe e/ou cisplatina e pemetrexede; com pemetrexede, um relacionado casualmente a cisplatina e pemetrexede .

IMPRESS é o primeiro e único estudo de fase III randomizado a confirmar que a continuação de gefitinibe em combinação com cisplatina e pemetrexede não traria nenhum benefício clínico para pacientes com resistência adquirida a gefitinibe, assim o padrão de tratamento deve permanecer um dueto de quimioterapia. O perfil de segurança para a combinação de gefitinibe mais cisplatina e pemetrexede está em concordância com o que já é conhecido na literatura.

Referência
T. Mok, Y. Wu, K. Nakagawa, et al. Gefitinib/chemotherapy versus chemotherapy in epidermal growth factor receptor (EGFR) mutation-positive non-small-cell lung cancer (NSCLC) after progression on first-line gefitinib: The phase III, randomised IMPRESS study. ESMO 2014, Abstract LBA2_PR.

Marcus Paulo Amarante
Médico Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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