Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mieloma Múltiplo

Duas terapias CAR-T são aprovadas para o tratamento do mieloma múltiplo nos EUA

Nos últimos dias, duas aprovações pelo FDA (Food and Drug Administration) trouxeram transformações nas opções terapêuticas disponíveis para pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário, marcando uma evolução significativa no tratamento dessa doença.

Primeiramente, em 04 de abril, idecabtagene vicleucel foi aprovado para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo recidivado ou refratário após duas ou mais linhas de terapia, expandindo sua indicação e disponibilizando-o mais cedo no curso de tratamento de pacientes refratários após exposição a três classes principais de tratamento.

A aprovação do idecabtagene vicleucel foi suportada pelos resultados do estudo KarMMa-3, destacando-se como o único estudo de fase III a avaliar uma terapia de células CAR-T em uma população inteiramente composta por pacientes com mieloma múltiplo recidivado e refratário e exposto a três classes de medicamentos. Neste estudo, a eficácia e segurança de idecabtagene vicleucel foi comparada a tratamento padrão a escolha do investigador (regimes disponíveis: daratumumabe, pomalidomida e dexametasona;  daratumumabe, bortezomibe e dexametasona; ixazomibe, lenalidomida e dexametasona; carfilzomibe e dexametasona; ou elotuzumabe, pomalidomida e dexametasona) em pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário que receberam duas a quatro linhas de tratamento prévios. Foram incluídos 386 pacientes no total, sendo 254 alocados para o braço de idecabtagene vicleucel e 132 para o braço controle. As características demográficas foram equilibradas entre os dois grupos, com uma mediana de idade de 63 anos, 61% do sexo masculino, 80% com doença ISS estágio I ou II e 42% com alto risco citogenético.

Os resultados principais mostraram que idecabtagene vicleucel foi superior ao regime controle em termos de sobrevida livre de progressão, com uma redução de 51% no risco de progressão ou morte (HR=0,49; IC de 95%: 0,38-0,64; p < 0,0001), com medianas de 13,3 versus 4,4 meses. A taxa de resposta também foi significativamente maior com idecabtagene vicleucel (71% versus 42%; p < 0,0001), assim como a taxa de resposta completa ou melhor (38% versus 7%; p < 0,0001). A duração mediana de resposta foi de 14,8 meses no braço de idecabtagene vicleucel. Os dados de sobrevida global mediana ainda são imaturos. Os eventos adversos mais comuns no braço de idecabtagene vicleucel foram: síndrome de liberação de citocinas (SLC), febre, infecção, neutropenia, hipogamaglobulinemia, dor musculoesquelética, hipotensão, fadiga, taquicardia, diarreia, nauseas, cedaleia, encefalopatia, dispneia e edema. A maioria dos casos de SLC foi de graus 1 ou 2, e apenas 4,1% foram de graus ≥ 3

Além disso, em 05 de abril, o imunoterápico ciltacabtagene autoleucel foi aprovado para uso em pacientes que falharam a pelo menos uma linha tratamento prévio, incluindo um inibidor de proteassoma e um agente imunomodulador, e refratários a lenalidomida. Este é o primeiro e único tratamento direcionado ao antígeno de maturação das células B (BCMA) aprovado para o tratamento de segunda linha do mieloma múltiplo.

A aprovação foi baseada nos resultados do estudo CARTITUDE-4, que randomizou 419 pacientes com mieloma múltiplo refratário ou recidivado entre ciltacabtagene autoleucel ou tratamento a escolha do investigador (regimes permitidos: daratumumabe, pomalidomida e dexametasona ou bortezomibe, pomalidomida e dexametasona). Na população geral do estudo (N=419), a idade mediana foi de 61 anos, a maioria (94%) apresentava doença ISS estádio I ou II, alterações citogenéticas de risco alto estavam presentes em 34% dos pacientes e 19% tinham presença de plasmocitoma de partes moles.

Após um seguimento mediano de 15,9 meses, o tratamento com ciltacabtagene autoleucel demonstrou redução de 59% no risco de progressão de doença ou morte frente ao tratamento padrão (HR=0,41; IC de 95%: 0,30-0,56; p < 0,0001), com mediana não alcançada no braço experimental e de 12 meses no braço controle. A taxa de resposta foi superior também no tratamento com o CAR-T (84,6% versus 67,8%; p < 0,0001), bem como a taxa de resposta completa ou melhor (74% versus 22,3%; p < 0,0001). A duração mediana de resposta ao tratamento com o CAR-T foi de 16,6 meses. Os eventos adversos mais comuns com ciltacabtagene autoleucel foram: febre, SLC, hipogamaglobulinemia, dor musculoesquelética, fadiga, diarreia, infecção do trato respiratório superior, infecções virais, cefaleia, hipotensão e náuseas.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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