Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Melanoma

Tratamento adjuvante do melanoma com nivolumabe é associado a melhores desfechos em diferentes subgrupos de pacientes

O estudo de fase III CheckMate 238 avaliou o tratamento adjuvante de pacientes com melanoma nos estádios IIIB, IIIC ou IV (AJCC 7ª edição) submetidos a ressecção completa com intuito curativo. Foram randomizados, ao todo, 906 pacientes para tratamento com nivolumabe ou ipilimumabe (dose de 10 mg/kg/ a cada 3 semanas X 4 doses, e depois, 3 mg/kg a cada 12 semanas) pelo período de 1 ano após a cirurgia, independente da expressão de PD-L1 ou da presença/ausência da mutação de BRAF.

O tratamento com nivolumabe promoveu uma redução relativa de 34% no risco de recorrência de doença ou morte (HR=0,66; IC de 95%: 0,54-0,81; p<0,0001) quando comparado ao uso de ipilimumabe. Dessa maneira, 63% dos pacientes se mostravam vivos e livres de recorrência, com seguimento mediano de 24 meses quando tratados com nivolumabe versus 50% dentre aqueles tratados com o ipilimumabe.

Em análise exploratória desse estudo, o uso de nivolumabe também resultou em benefício na proporção de pacientes livres de metástases à distância, uma das principais causas de morte por falha do tratamento nessa população. Considerando-se exclusivamente os pacientes com doença estádio III, o uso de nivolumabe foi associado a uma redução de 24% no risco de desenvolvimento de metástases à distância (HR=0,76; IC de 95%: 0,59-0,98; p=0,034) em comparação ao tratamento com ipilimumabe.

Na avaliação do benefício da terapia de acordo com os diferentes estádios, o tratamento com nivolumabe sugere oferecer benefício de sobrevida livre de recorrência em todos os subgrupos tanto nos pacientes que se apresentaram com doença no estádio III (HR=0,68; IC de 95%: 0,54-0,85) quanto naqueles que se apresentaram no estádio IV (HR=0,68; IC de 95%: 0,44-1,06).

Quando avaliados os subgrupos de pacientes de acordo com a expressão de PD-L1 (<5% ou ≥5%), é possível constatar que, apesar de apresentar uma maior magnitude de benefício, os pacientes com alta expressão de PD-L1 (maior ou igual a 5%) (HR=0,54; IC de 95%: 0,36-0,81) beneficiam-se assim como os pacientes com menor expressão de PD-L1 (HR=0,73; IC de 95%: 0,57-0,92). Assim também como ocorre na análise dos subgrupos de acordo com a presença de mutação de BRAF, no qual o uso de nivolumabe foi associado a melhores desfechos, independente da presença (HR=0,73; IC de 95%: 0,54-0,99) ou ausência da mutação (HR=0,61; IC de 95%: 0,45-0,82) quando comparado com o uso de ipilimumabe.

Em suma, as análises dos subgrupos demonstram que o tratamento adjuvante do melanoma com nivolumabe é associado a impacto favorável em sobrevida livre de recidiva dentre todas as diferentes populações estudadas, porém dados de sobrevida global ainda não estão disponíveis.

De acordo com o Dr. Rodrigo Munhoz, médico oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, “trata-se do primeiro estudo a demonstrar a eficácia de agentes anti-PD-1 no contexto adjuvante; tais dados sugerem que  nivolumabe deve ser considerado um dos tratamentos padrão para pacientes com melanoma estádio  IIIB, IIIC e IV submetidos a cirurgia com intuito curativo. O uso de nivolumabe, de fato, resultou em ganho em sobrevida livre de recorrência quando comparado a ipilimumabe, além perfil de segurança favorável. Todavia,  dados de sobrevida global são aguardados e essenciais para a definição dos algoritmos de tratamento.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

Apoio:

Bristol-Myers-Squibb

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