Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

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Alectinibe aprovado para o tratamento do câncer de pulmão ALK+ no Brasil

O câncer de pulmão de células não pequenas avançado com translocação do gene ALK (anaplastic lymphoma kinase) agora conta com uma nova opção de tratamento sistêmico aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O uso do inibidor de tirosina quinase alectinibe foi aprovado como uma opção terapêutica para os pacientes com essa alteração molecular presente em cerca de 3-4% dos pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas no Brasil.

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O uso de alectinibe como primeira terapia anti-ALK é baseado nos dados do estudo de fase III ALEX, que randomizou 303 pacientes sem tratamento prévio para receberem alectinibe ou crizotinibe, um inibidor de tirosina quinase do ALK de primeira geração. Após um seguimento mediano de cerca de 1,5 ano, o tratamento com alectinibe foi associado a benefício em sobrevida livre de progressão (HR=0,47; IC de 95%: 0,34-0,65; p<0,001), com mediana ainda não atingida no grupo de pacientes tratados com alectinibe. Em relação aos pacientes que evoluíram com o desenvolvimento de doença em sistema nervoso central (SNC), a sobrevida livre de progressão em SNC também foi superior nos pacientes tratados com alectinibe (HR=0,16; IC de 95%: 0,10-0,28; p<0,001). A taxa de resposta foi superior dentre os pacientes que receberam alectinibe (82,9% versus 75,5%), com benefício ainda maior na análise de resposta no SNC em pacientes com doença mensurável (81% versus 50%), com 38% de resposta completa. Os dados de sobrevida global ainda são imaturos na presente avaliação. A análise de segurança evidenciou menor taxa de eventos adversos sérios (graus 3-5) para o grupo de pacientes tratado com alectinibe (41% versus 50%), e as principais toxicidades apresentadas foram constipação, anemia, fadiga e edema periférico.

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Para os pacientes previamente tratados com inibidor de tirosina quinase do ALK, o tratamento com alectinibe é baseado no estudo fase III ALUR, que contou com 107 pacientes e corroborou os dados encontrados no estudo fase II global. Este último randomizou 138 pacientes que apresentaram progressão de doença ao tratamento com crizotinibe. A taxa de resposta atingida nessa população foi da ordem de 50%, com duração mediana de resposta de 11,2 meses. Dentre os pacientes com doença mensurável em SNC, a taxa de resposta nesse sítio foi de 57%. Não houve diferença do perfil de segurança com o estudo anterior.

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A eficácia extracraniana e cerebral bem como o perfil favorável de efeitos colaterais sedimentam o uso de alectinibe como a opção preferencial no tratamento de primeira linha. Os dados dos estudos de fase II e III também demonstram a atividade dessa medicação em pacientes refratários a inibidor de primeira geração, porém o uso em primeira linha é a estratégia favorecida”, ressalta o Dr. William William, oncologista e diretor médico da Oncologia Clínica e Hematologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Esses avanços vêm contribuindo para um aumento impressionante da sobrevida mediana destes pacientes na última década, quando comparados a controles históricos da era pré-inibidores de ALK”, conclui.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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