Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mama

Tucatinibe é aprovado para o tratamento do câncer de mama HER-2 positivo avançado nos EUA

O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 17 de abril o inibidor de tirosina quinase tucatinibe em combinação a trastuzumabe e capecitabina para o tratamento de pacientes com câncer de mama HER-2 positivo avançado não ressecável ou metastático após exposição prévia a pelo menos uma linha de tratamento sistêmico anti-HER-2, baseado nos dados do estudo de fase III HER2CLIMB.

Neste estudo, 612 pacientes com câncer de mama HER-2 positivo avançado com exposição prévia a trastuzumabe, pertuzumabe e T-DM1 foram randomizadas 2:1 para receberem tucatinibe ou placebo combinados a trastuzumabe e capecitabina. Após um seguimento mediano de 14,0 meses, o estudo atingiu seu objetivo primário, demonstrando que o braço de tratamento com adição de tucatinibe apresentou redução de 46% no risco de progressão de doença ou morte quando comparado ao braço tratado apenas com trastuzumabe e capecitabina (HR=0,54; IC de 95%: 0,42-0,71; p < 0,001). Adicionalmente, o uso de tucatinibe também promoveu benefício em sobrevida global (HR=0,66; IC de 95%: 0,50-0,87; p = 0,0048) com aumento da sobrevida global mediana de 17,4 para 21,9 meses, além de maior taxa de resposta objetiva (40,6% versus 22,8%). Destaca-se o benefício em sobrevida livre de progressão apresentado nas pacientes com metástases cerebrais (HR=0,48; IC de 95%: 0,34-0,69; p <0,001), um objetivo pré-especificado do estudo. No tocante à segurança do tratamento, a maioria dos eventos foi grau 1 e 2. Destacam-se eritrodisestesia palmo-plantar, diarreia, elevação de transaminases e fadiga. Diarreia grau 3 ou superior foi observada em apenas 12,9% e 8,6% nos braços tucatinibe e placebo, respectivamente.

Dra. Debora Gagliato, oncologista da BP ressalta: “Nesse estudo, a inclusão de pacientes com doença em sistema nervoso central (SNC) em atividade, incluindo pacientes com doença não tratada ou em progressão, é aspecto único. Na população de indivíduos com doença HER-2 positiva, em que aproximadamente metade é acometida por envolvimento em SNC, mostrar atividade de uma nova medicação nesse subgrupo de pacientes, incluindo ganho em sobrevida global, é de extrema importância. Tucatinibe também está sendo avaliado em combinação com T-DM1 em estudo de fase III denominado HER2CLIMB-02, em que o braço comparador será T-DM1 em monoterapia. O estudo incluirá pacientes com doença HER-2 positiva avançada, com tratamento prévio com taxano e trastuzumabe em qualquer cenário. Com a aprovação atual, o grupo de pacientes com doença HER-2 positiva avançada ganha uma importante nova arma no arsenal terapêutico. Na prática clínica, com a evidência atual, tucatinibe deverá ser usado imediatamente pós-progressão a T-DM1 em segunda linha, substituindo uso de lapatinibe em combinação com trastuzumabe ou capecitabina.

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Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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