Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mama

Take Home Message de San Antonio Breast Cancer Symposium

Pembrolizumabe mostrou atividade em pacientes com câncer de mama triplo negativo em estudo de Fase Ib com 32 pacientes (Abstract S1-09)

Entre as pacientes do estudo, cinco responderam ao tratamento (18,5%), incluindo uma resposta completa (3,7%) e quatro respostas parciais (14,8%). Além disso, sete pacientes (25,9%) tiveram doença estável e 12 pacientes (44,4%) apresentaram progressão de doença. A taxa de benefício clínico geral com pembrolizumabe foi de 44%. Aos 6 meses, 23,3% dos pacientes permaneceram sem progressão. É o primeiro estudo utilizando anti- PD1 no câncer de mama. Um estudo de fase II já esta em andamento.

GeparSepto – O nab-paclitaxel foi mais eficaz do que o paclitaxel convencional, em esquema neoadjuvante para pacientes com câncer de mama triplo negativo (Abstract S2-07)

Este estudo de fase III recrutou 1.204 pacientes com câncer de mama cT2-cT4d, das quais 33% tinham tumores HER-2 positivo, 23% tinham câncer de mama triplo-negativo e o restante eram luminais. Incluindo todos os grupos, 38% das pacientes que receberam nab-paclitaxel atingiram resposta patológica completa (RPc), em comparação a 29% das participantes que receberam paclitaxel convencional (p<0,001). A incidência de neuropatia sensorial periférica foi superior nas pacientes que receberam nab-paclitaxel em comparação ao grupo de paclitaxel convencional para qualquer grau (84,3 versus 65,2%, respectivamente) e para os graus 3/4 (10,2 versus 2,7%). Análise de subgrupo demonstrou que nas pacientes com tumor triplo negativo (n=275), a taxa de RPc foi de 48,2% no grupo de nab-paclitaxel em comparação com 25,7% para o paclitaxel convencional (p<0,001). Estes dados são provocadores e devem ser avaliados em estudos adicionais.

Estudo TNT mostrou que carboplatina tem atividade semelhante ao docetaxel para pacientes com câncer de mama triplo negativo metastático, porém apresentando maior taxa de resposta para as pacientes com mutação no BRCA 1/2 (Abstract S3-01)

Esse estudo de fase III com 370 pacientes com câncer de mama triplo negativo metastático randomizou na primeira linha entre carboplatina (n=188) e docetaxel (n=188). Não se observou diferença significativa entre os grupos em termos de sobrevida livre de progressão (4,8 versus 5,2 meses; p=0,29) ou sobrevida global (10,7 versus 10,8 meses; p=0,31). Entretanto, considerando somente as pacientes com mutação de BRCA1/2 (n=43), a taxa de resposta objetiva foi de 68% para as pacientes que receberam carboplatina e 33,3% para as pacientes que receberam docetaxel (p=0,03). Este estudo aponta a carboplatina como uma sólida opção de tratamento para primeira linha de tratamento do câncer de mama triplo negativo metástatico e reforça a platina como a melhor opção para as pacientes com mutação no BRCA 1/2.

FEC x 6 é igual a AC x 4 na adjuvância do câncer de mama inicial (Abstract S3-02)

O estudo do NSABP B-36 randomizou 450 pacientes com câncer de mama linfonodo negativo, para receberem 4 ciclos de AC versus 6 ciclos de FEC100. Não houve diferença em sobrevida livre de doença e sobrevida global entre os grupos. Como esperado, o grupo que recebeu FEC100 x 6 ciclos apresentou maior toxicidade em relação ao outro grupo. Após este estudo não recomendamos mais a utilização de FEC 100 x 6 ciclos para pacientes com câncer de mama estádio inicial, linfonodo negativo.

Adjuvância com supressão ovariana combinado com inibidor da aromatase por 5 anos aumentou o intervalo livre de doença em pacientes na premenopausa com menos de 35 anos (Abstract S3-08 e reportado simultaneamente no New England Journal of Medicine)

O estudo SOFT avaliou o impacto da supressão ovariana em 3.047 pacientes na pré-menopausa com câncer de mama, RH positivo, tratadas com 5 anos de terapia adjuvante com tamoxifeno ou exemestano associado a supressão ovariana versus tamoxifeno isolado. Após um período de acompanhamento mediano de 5,6 anos, não houve diferença significativa na sobrevida livre de doença entre os três braços. Entretanto, em uma análise exploratória não pré-planejada, a sobrevida livre de doença em 5 anos foi de 67,7% para o tamoxifeno isolado, 78,9% para o tamoxifeno associado a supressão ovariana, e 83,4% para o exemestano associado a supressão ovariana para as pacientes com menos de 35 anos em com estradiol em nível pré-menopausal (94% recebeu quimioterapia). Recomendamos, portanto, em pacientes jovens e com risco alto de recorrência, discutir individualmente hormonioterapia adjuvante com supressão ovariana em combinação com inibidor da aromatase por 5 anos. Devido ao impacto adverso na qualidade de vida associado à supressão ovariana, não recomendamos esta opção para pacientes com risco baixo ou intermediário de recorrência.

Fulvestranto 500 versus anastrozol na primeira linha do câncer de mama receptor hormonal positivo mostrou ganho em tempo livre de progressão e sobrevida global nas pacientes que receberam fulvestranto 500 (Abstract S6-04)

O estudo FIRST é um estudo de fase II que randomizou 205 pacientes na pós-menopausa com câncer de mama avançado e RH positivo à fulvestranto, 500 mg (D1, D15 e D28 e depois mensalmente) versus anastrozol, 1 mg/dia como primeira linha de tratamento para doença metastática. Na atualização de San Antonio, o tempo livre de progressão foi de 23,4 meses para as pacientes que receberam fulvestranto versus 13,1 meses para o grupo que recebeu anastrozol (HR=0,66; IC de 95%: 0,47–0,92; p=0,01) e a sobrevida global foi de 54,1 meses para fulvestranto e 48,4 meses para anastrozol (HR=0,70; IC de 95%: 0,50-0,98; p=0,041). A maioria das pacientes não haviam recebido hormonioterapia na adjuvância (71,6% do braço fulvestranto e 77,7% do braço anastrozol). As pacientes que receberam hormonioterapia na adjuvância (27,5% para o grupo fulvestranto 22,3% para o grupo anastrozol), deveriam estar ao menos 12 meses sem receber tratamento hormonal para entrar no estudo. Análise de subgrupo sugere que o ganho de sobrevida no braço do fulvestranto se deve principalmente ao benefício derivado das pacientes que não receberam hormonioterapia adjuvante. Este estudo sugere que fulvestranto 500 pode aumentar a sobrevida global de pacientes com câncer de mama metastático, RH positivo, quando usado na primeira linha em pacientes virgens de hormonioterapia adjuvante. Um estudo de fase III (FALCON trial) com o mesmo desenho já esta em andamento. Se este estudo confirmar os dados do estudo FIRST, fulvestranto será considerado o novo padrão de hormonioterapia na primeira linha para câncer de mama metastático RH positivo.

Raphael Brandão Moreira
Residente Chefe de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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