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VOLUME 10 ● NÚMERO 07
INDICAÇÕES DO USO DE OLAPARIBE NO BRASIL
Nesta edição do Vídeo-MOC, sumarizamos os estudos que levaram à importante aprovação do inibidor de PARP olaparibe no Brasil para o tratamento do câncer de mama em pacientes com mutação de BRCA 1 ou BRCA 2 (OlympiAD) e também do câncer de ovário em dois cenários, na primeira linha em pacientes com mutação de BRCA 1 ou BRCA 2 e em pacientes platino sensíveis independente da mutação (SOLO-1, STUDY 19 e SOLO-2).
Com participação da Dra. Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e moderação do Dr. Antonio Carlos Buzaid, a apresentação é iniciada com uma elucidativa explicação sobre mutações germinativas e mutações somáticas, as quais geralmente são identificadas nos testes genéticos, podendo implicar no tratamento. Na sequência, ocorre uma revisão sobre o mecanismo de ação de inibidores de PARP, classe de drogas que atua em uma via de mecanismo de reparo de defeito em uma fita de DNA. Em indivíduos com deficiência no processo de reparo de defeitos de dupla fita de DNA através do processo de recombinação homologa o inibidor de PARP resulta em morte celular, mecânismo este chamado de letalidade sintética.
Depois, Dra. Graziela segue falando sobre as mutações mais frequentes em câncer de mama no cenário nacional e coloca em pauta os critérios clínicos para solicitação do teste dos genes BRCA 1 e BRCA 2 em pacientes com câncer de mama no Brasil.
Por fim, os dados dos estudos são colocados em perspectiva, começando pelo estudo fase III OlympiAD, que comparou olaparibe versus quimioterapia de escolha do investigador em pacientes com câncer de mama HER-2 negativo portadoras de mutação germinativa deletéria nos genes BRCA 1 ou BRCA 2 previamente tratadas com até duas linhas de quimioterapia com antraciclina e taxano. O estudo foi positivo, com redução do risco de progressão ou morte em 40%, além de aumento de 8 meses em sobrevida global no braço que recebeu olaparibe.
No câncer de ovário, o estudo SOLO-1, trouxe uma mudança de paradigma, demonstrando que mulheres com câncer de ovário avançado e BRCAm tratadas com olaparibe (terapia de manutenção) tiveram uma melhora significante na sobrevida livre de progressão, cerca de 3 anos, um dado positivo nunca visto em câncer de ovário.
No cenário do câncer de ovário recidivado sensível à platina, os dados também foram positivos com o uso de olaparibe (Study 19, na posologia anterior de 400 mg em cápsula) e (estudo SOLO-2 na posologia atual de 300 mg em comprimido, que incluía somente pacientes com mutação do BRCA). Os resultados do Study 19 demonstraram pela primeira vez (2012) uma redução do risco de progressão mesmo em pacientes que não apresentavam mutação do gene BRCA 1 e BRCA 2. Esse benefício levou à aprovação de olaparibe independente do status de BRCA inicialmente nos Estados Unidos (FDA) seguido de vários outros países. Depois, o estudo SOLO-2 corroborou os dados do Study 19, mostrando consistência da positividade dos dados, com 70% de redução do risco de progressão, um grande benefício na população selecionada com mutação de BRCA.
No tocante à toxicidade, Dra. Graziela afirma “a incorporação dos inibidores de PARP na prática dos oncologistas clínicos ainda não é, infelizmente, uma realidade global, então o manejo e a compreensão das toxicidades é bastante importante. As toxicidades mais comuns são as hematológicas, sendo a principal toxicidade hematológica de olaparibe a anemia. Náuseas, vômitos, fadiga e alteração do hábito intestinal também estão associadas ao uso dessas medicações. A toxicidade é pior no início do tratamento e tende a melhorar ao longo dos meses, entrando num platô. Por isso, é muito importante manejar a expectativa dos pacientes e cuidadores no início do tratamento”.
Assista a mais um Vídeo-MOC e confira também dicas sobre o manejo de toxicidades.
Publicado em 14/08/2019.
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