Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

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Selpercatinibe recebe aprovação em dois diferentes cenários nos EUA

O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 21 de setembro de 2022 o uso do inibidor de tirosina quinase do RET selpercatinibe em duas indicações terapêuticas distintas: a aprovação definitiva foi concedida para o tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas avançado com fusão de RET e a aprovação acelerada em indicação tumor-agnóstico para neoplasias avançadas com fusão de RET após progressão a tratamento-padrão ou na ausência de terapias sistêmicas satisfatórias.

Na indicação para o tratamento do câncer de pulmão, selpercatinibe possuía aprovação acelerada pela agência norte-americana que foi transformada em aprovação regular após a análise de 172 pacientes adicionais incluídos no estudo LIBRETTO-001. Nesse estudo, 316 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado não candidatos a cirurgia ou a tratamento com quimioirradiação com intuito curativo apresentando fusão de RET receberam tratamento com selpercatinibe até progressão de doença ou toxicidade limitante. Na coorte de pacientes previamente tratados com quimioterapia baseada em platina, foram avaliados 247 pacientes com idade mediana de 61 anos, predominantemente com doença metastática (97%) e com mediana de exposição prévia a 2 tratamentos sistêmicos (intervalo 1-15), sendo que 58% já haviam recebido um inibidor de PD-1/PD-L1. A taxa de resposta ao inibidor de tirosina quinase do RET foi de 61%, com duração mediana de resposta de 28,6 meses. Quando analisados separadamente, os pacientes previamente expostos à imunoterapia, a taxa de resposta foi de 63%, com a mesma duração mediana de resposta da população global (28,6 meses). Destaca-se que 14 dos 16 pacientes com metástases em sistema nervoso central (SNC) apresentaram resposta ao tratamento, sendo que 39% deles apresentaram duração de resposta intracraniana ≥ 12 meses. Já na coorte de 69 pacientes sem tratamento sistêmico prévio, a idade mediana foi 63 anos e 99% possuíam doença metastática. A taxa de resposta nesta coorte foi de 84%, com duração mediana de resposta de 20,1 meses. Em relação às metástases no SNC, 4 dentre 5 pacientes apresentaram resposta intracraniana, com duração ≥ 12 meses em 38% deles.

A indicação de tratamento tumor-agnóstico foi baseada em 41 pacientes incluídos no estudo LIBRETTO-001 com tumores avançados (excluindo tireoide e câncer de pulmão de células não pequenas) após progressão a tratamento sistêmico prévio ou sem opções terapêuticas sistêmicas satisfatórias. Os tumores incluídos em maior frequência no estudo foram: adenocarcinoma pâncreas (27%), colorretal (24%), glândula salivar (10%) e sítio primário indeterminado (7%). A idade mediana desta população foi 50 anos, 95% apresentavam doença metastática e 90% haviam recebido tratamento sistêmico prévio (mediana de 2 regimes). A taxa de resposta foi 44%, com duração mediana de resposta de 24,5 meses. Especificamente nas histologias mais prevalentes, a taxa de resposta foi de 55% nos pacientes com adenocarcinoma de pâncreas, 20% em tumores colorretais, 50% em tumores de glândula salivar e 33% em tumores de sítio primário indeterminado.

A avaliação de segurança dos estudos demonstrou prevalência de eventos adversos semelhantes em todas as populações, sendo os mais comuns: edema, diarreia, fadiga, xerostomia, hipertensão arterial, dor abdominal, constipação, rash cutâneo, náuseas e cefaleia.

A aprovação do FDA é um passo importante para que selpercatinibe chegue ao Brasil, inicialmente nas indicações testadas com maior volume de pacientes (pulmão e tireoide) e, posteriormente, como tratamento tumor-agnóstico. Temos agora a quarta indicação nos Estados Unidos de um tratamento tumor-agnóstico, somado à fusão de NTRK, instabilidade de microssatélites e alta carga mutacional tumoral. Essa aprovação reforça a necessidade de pesquisa de alvos moleculares com painéis amplos, de captura híbrida, uma vez que muitas das fusões são com parceiros pouco comuns, ou até desconhecidos“, destaca o Dr. Gustavo Schvartsman, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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