Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

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Pembrolizumabe tem sua indicação expandida no tratamento do câncer de pulmão nos EUA

O tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas avançado tem passado por uma transformação importante nos últimos anos. Classicamente, em situações com ausência de mutação do EGFR ou translocação do ALK, a terapia padrão na doença estádio III em pacientes não candidatos a cirurgia ou quimioirradiação, bem como naqueles com estádio IV, baseava-se exclusivamente em quimioterapia sistêmica com o uso de uma dupla de platina.

Nos últimos anos, o cenário mudou: com a incorporação do tratamento combinado de imunoterapia associada a quimioterapia a partir dos resultados do estudo KEYNOTE-189; e também com a utilização de imunoterapia isolada em pacientes com expressão de PDL-1 ≥50% baseado no estudo KEYNOTE-024. Entretanto, as opções de tratamento agora foram aumentadas, ao menos no cenário americano, com o anúncio pelo FDA (Food and Drug Administration) da expansão do uso de pembrolizumabe em monoterapia para pacientes com PDL-1 ≥1%.

A nova indicação de uso é baseada no estudo fase III KEYNOTE-042, que randomizou 1.274 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado não portadores de alterações ativadoras nos genes do EGFR ou ALK e com expressão de PDL-1 (TPS – tumor proportion score) ≥1% para receberem tratamento de primeira linha com pembrolizumabe em monoterapia ou quimioterapia baseada em dupla de platina. Os resultados apresentados após um seguimento mediano de 12,8 meses demonstram que o tratamento com pembrolizumabe promoveu uma redução relativa de 19% no risco de morte quando comparado ao tratamento quimioterápico (HR=0,81; IC de 95%: 0,71-0,93; p=0,0018). A análise de sobrevida global também foi conduzida nos pacientes com PDL-1 ≥20% e PDL-1 ≥50%, demonstrando um benefício diretamente proporcional a expressão do marcador (HR=0,77 e HR=0,69, respectivamente). A taxa de resposta com o uso de pembrolizumabe foi de 27% na população PDL-1 ≥1%, mesmo valor encontrado com o uso de quimioterapia.

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Nas análises de segurança, a taxa de eventos adversos de graus igual ou maior a 3 foi de 18% com pembrolizumabe versus 41% com quimioterapia, destacando-se como eventos adversos mais comuns fadiga, dispneia, tosse, alterações do hábito intestinal e disfunções da tireoide.

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O benefício em sobrevida global foi fortemente influenciado pelos pacientes com tumores PDL-1 ≥ 50%, para os quais o uso de pembrolizumabe em monoterapia já estava consagrado”, destaca o Dr. William William, oncologista e diretor médico da Oncologia Clínica e Hematologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

No subgrupo de pacientes com tumores PDL-1 entre 1% e 49%, a análise exploratória não mostrou aumento de sobrevida global, porém os desfechos foram similares aos de quimioterapia. Nesta população, pembrolizumabe associado a quimioterapia deve ser considerado como primeira opção, sendo que pembrolizumabe agente único pode ser reservado para pacientes nos quais o uso de quimioterapia não é desejável”, conclui.

 

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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