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Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

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Nivolumabe recebe aprovação para o tratamento neoadjuvante do câncer de pulmão no Brasil

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou no dia 10 de agosto de 2022 o uso de nivolumabe em combinação a quimioterapia com dupla de platina no tratamento neoadjuvante de pacientes diagnosticados com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) apresentando doença ressecável com tumores ≥ 4 cm ou com linfonodos comprometidos.

Esta nova indicação terapêutica no cenário nacional é baseada nos dados do estudo de fase III CheckMate-816, que randomizou 358 pacientes com CPCNP estádios IB (≥ 4 cm) a IIIA sem alterações sensibilizadoras de EGFR ou ALK a uma razão 1:1 entre tratamento neoadjuvante com três ciclos de quimioterapia baseada em dupla de platina associada ou não a nivolumabe na dose de 360 mg, via intravenosa, a cada 3 semanas. A cirurgia foi realizada dentro de 6 semanas após a conclusão do tratamento neoadjuvante e o uso de quimioterapia e radioterapia adjuvantes foi permitido a critério do investigador. Dentre a população incluída, cerca de dois terços dos pacientes apresentavam doença estádio IIIA, aproximadamente metade possuía doença de histologia não escamosa, 89% possuíam histórico de tabagismo atual ou prévio, 50% possuíam expressão de PDL-1 ≥ 1%, sendo 22% com expressão ≥ 50%, a carga mutacional tumoral era ≥ 12,3 mutações por megabase em carca de 20% dos pacientes e o tratamento com regime baseado em cisplatina foi empregado em cerca de 70% da população.

A taxa de resposta patológica completa, um dos objetivos primários do estudo, foi de 24% versus 2,2% nos braços com e sem nivolumabe, respectivamente. A sobrevida livre de eventos, outro desfecho primário do estudo, atingiu medianas de 31,6 versus 20,8 meses nos braços de quimioimunoterapia e quimioterapia, respectivamente, representando uma redução de 37% no risco de eventos (HR=0,63; IC de 97,38%: 0,43-0,91; p=0,005).  A taxa de sobrevida global aos 2 anos foi 82,7% versus 70,6% em favor do braço tratado com nivolumabe, apesar ainda de não ser demonstrada significância estatística na presente análise. Na avaliação de segurança, o braço que recebeu o tratamento combinado não teve acréscimo nas taxas de eventos adversos em qualquer grau (92,6% versus 97,6%) ou graus ≥ 3 (40,9% versus 43,8%), bem como não foi associado a maior frequência de cancelamentos ou atrasos no tratamento cirúrgico (83,2% e 75,4% dos pacientes foram operados nos braços nivolumabe e quimioterapia, respectivamente). Os eventos adversos mais incidentes dentre os pacientes que receberam nivolumabe foram náuseas, constipação, fadiga, redução do apetite e rash cutâneo.

A associação de quimioimunoterapia no tratamento neoadjuvante em CPCNP aumentou de forma significativa a porcentagem de pacientes com resposta patológica completa e consequentemente a sobrevida livre de eventos. Ainda não temos dados de sobrevida global maduros, mas, diante da magnitude desses resultados, visto que resposta patológica completa historicamente se correlaciona com melhora dos desfechos a longo prazo como sobrevida global, uma vez que essa estratégia não aumentou a incidência de eventos adversos e nem de complicações perioperatória, mantendo viabilidade cirúrgica adequada, a aprovação dessa estratégia muda prática clínica para esse cenário,” comenta a Dra. Suellen Castro, oncologista da BP, A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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