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Imunoterapia aprovada para o tratamento do carcinoma basocelular avançado nos EUA e no Brasil
O anticorpo monoclonal anti-PD-1 cemiplimabe recebeu aprovação pelas agências regulatórias norte-americana e brasileira para o tratamento de pacientes portadores de carcinoma basocelular localmente avançado irressecável ou metastático previamente expostos a terapia com inibidor de hedgehog ou não candidatos a essa classe de medicação. Nos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration) anunciou a aprovação acelerada em 09 de fevereiro. No Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a medicação em 22 de março de 2021.
O Dr. Rafael Schmerling, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, destaca que “o carcinoma basocelular representa o tumor de maior incidência em todo o mundo. Felizmente, a grande maioria dos pacientes é curada apenas com cirurgia. Em casos de recidivas, tanto a cirurgia quanto a radioterapia podem ser utilizadas, sendo esta última reservada usualmente para tumores inoperáveis ou utilizada também como tratamento adjuvante. Em situações de tumores não operáveis, seja devido a extensa invasão local, ou pelo receio de mutilação, ou ainda por limitação clínica, os inibidores de hedgehog surgiram como uma alternativa. No Brasil, a única medicação dessa classe disponível é vismodegibe.
Porém, até recentemente, não havia qualquer alternativa de tratamento para pacientes que tivessem progressão de doença após o uso de vismodegibe. O uso de cemiplimabe foi aprovado tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil para o tratamento desses pacientes com doença refratária a inibidores de hedgehog.”
O tratamento com cemiplimabe nesse cenário foi avaliado no estudo EMPOWER-BCC 1, que incluiu pacientes com carcinoma basocelular avançado após progressão, ausência de resposta após 9 meses de tratamento ou intolerância à terapia com inibidor de hedgehog. Adicionalmente, os pacientes não poderiam ser candidatos a cirurgia ou radioterapia com intuito curativo. Destaca-se que cerca de 80% dos pacientes incluídos haviam sido previamente submetidos a pelo menos um procedimento cirúrgico, e mais da metade da população já havia recebido radioterapia. A taxa de resposta ao inibidor de PD-1 foi de 21% e 29% nos pacientes com doença metastática e localmente avançada, respectivamente. A duração mediana do benefício não foi atingida em ambos os braços, entretanto 100% e 79,2% deles apresentaram respostas com duração mínima de 6 meses, respectivamente. Os eventos adversos mais comuns apresentados foram fadiga, dor musculoesquelética, diarreia, rash cutâneo e prurido.
A dose de tratamento recomendada é cemiplimabe, 350 mg por via intravenosa, administrado a cada 3 semanas até progressão de doença ou toxicidade limitante.
“Há muito, já era esperado que carcinomas basocelulares se beneficiassem de imunoterapia. O perfil de carga mutacional, sobretudo pela grande participação de assinaturas UV, já criava esta expectativa que foi confirmada no estudo EMPOWER-BCC 1.
A apresentação de doença metastática é bastante rara e, para estes, não há dúvida de que o tratamento sistêmico deva ser a prioridade. Entre aqueles que tenham doença localmente avançada, há uma importante discussão quanto ao limite da cirurgia do ponto de vista de curabilidade, dano funcional e estético. A melhor estratégia é uma abordagem multidisciplinar em que os diversos especialistas possam apresentar os prós e contras de cada ferramenta para o tratamento destas questões. Felizmente, a melhora das alternativas sistêmicas permite uma maior contribuição por parte da oncologia clínica”, conclui Dr. Schmerling.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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