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Everolimo + trastuzumabe + vinorelbina aumenta sobrevida livre de progressão – BOLERO 3
A adição de everolimo prolongou significativamente a sobrevida livre de progressão, apesar de maiores taxas de eventos adversos.
Foi publicado recentemente o BOLERO 3, um estudo de fase III, que avaliou o uso de everolimo associado ao trastuzumabe e vinorelbina em mulheres com câncer de mama avançado e HER-2 positivo, resistentes ao trastuzumabe.
No presente estudo, 569 pacientes foram estudadas, sendo 284 delas randomizadas para receber trastuzumabe, 2 mg/kg, semanal, vinorelbina, 25 mg/m² e everolimo, 5 mg/dia. As outras 285 foram randomizadas para trastuzumabe, vinorelbina e placebo.
Para as pacientes resistentes ao trastuzumabe, o critério de resistência foi definido como recidiva em até 12 meses do término da terapia adjuvante ou progressão em até 4 semanas do início do tratamento para doença avançada. O desfecho primário foi sobrevida livre de progressão (SLP).
Os resultados encontrados foram:
- Sobrevida livre de progressão: apresentou aumento após um acompanhamento médio de 20,2 meses. A SLP mediana foi de 7 meses no grupo everolimo versus 5,78 meses no grupo placebo (HR=0,78; p=0,0067);
- Resposta objetiva: ocorreu em 41% das pacientes do grupo everolimo e 37% do grupo placebo (p=0,2108);
- Sobrevida global: os dados não estavam maduros no momento da análise e devem ser relatados posteriormente;
- Eventos adversos: toxicidades de grau 3 ou 4 foram mais comuns nos pacientes que receberam everolimo. Os eventos adversos mais comuns foram: neutropenia (73 versus 62%), leucopenia (38 versus 29%), anemia (19 versus 6%), neutropenia febril (16 versus 4%), estomatite (13 versus 1%) e fadiga (12 versus 4%).
A adição do everolimo gerou aumento modesto na SLP nas pacientes com câncer de mama em estádio avançado e resistentes ao trastuzumabe. Ademais, o tratamento associado com everolimo foi associado a maior frequência de eventos adversos. Não obstante, este estudo prova que há um grupo de pacientes no qual a via do mTOR representa uma forma de escape nos tumores HER-2 positivos. Fatores preditivos de resposta devem ser identificados para que esta estratégia seja rotineiramente implementada na prática clínica.
Referência:
André F, O’Regan R, Ozguroglu M, et al. Everolimus for women with trastuzumab-resistant, HER2-positive, advanced breast cancer (BOLERO-3): a randomised, double-blind, placebo-controlled phase 3 trial. Lancet Oncol 2014;Epub ahead of print, Apr 14.
Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Raphael Brandão Moreira
Residente Chefe de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.