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ESPECIAL: San Antonio Breast Cancer Symposium, held Dec. 10-14, 2013
A importância das mutações do gene PIK3CA em Câncer de Mama
Mutações que conferem resistência a drogas são comuns em pacientes com câncer de mama metastático. Investigadores da Alemanha apresentaram dados que evidenciaram uma frequência cada vez maior de mutações relacionadas à resistência a drogas na doença em estágio inicial no cenário neoadjuvante.
De acordo com os pesquisadores da Alemanha, a mutação do gene PIK3CA é a segunda mutação mais comum no câncer de mama e está presente em aproximadamente 20% dos tumores. Em vários estudos recentes, as mutações no PIK3CA têm sido associadas com pior prognóstico, particularmente em mulheres com câncer de mama HER-2 positivo.
Recentemente, no 36th Annual San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS), foram apresentados os dados de um estudo que envolveu 737 pacientes com câncer de mama, estádio inicial em terapia neoadjuvante, provenientes dos estudos GeparQuinto e GeparSixto, a mutação do gene PIK3CA foi preditiva de pior resposta patológica completa e pior prognóstico.
No estudo GeparQuinto, as pacientes foram randomizadas para lapatinibe ou trastuzumabe para o tratamento da doença HER-2 positivo. Em GeparSixto, as pacientes receberam ambos os agentes para a doença HER-2 positivo ou triplo-negativo. Todas as pacientes receberam quimioterapia antes da cirurgia.
Tabela. Taxas PCR nos estudos GeparQuinto e GeparSixto.
Grupo de Tratamento | Mutação PIK3CA, % | SEM mutação PIK3CA, % |
---|---|---|
GeparQuinto | ||
Lapatinibe | 17,6 | 18,6 |
Trastuzumabe | 18,2 | 33,3 |
GeparSixto | ||
Lapatinibe e trastuzumabe | 17 | 37,1 |
Nesse estudo, as pacientes com mutação no gene PIK3CA apresentaram menor taxa de resposta à terapia neoadjuvante, quando comparado às pacientes sem mutação do gene PIK3CA.
Anteriormente, dois estudos de terapia neoadjuvante – o NeoALTTO trial (bloqueio duplo com trastuzumabe e lapatinibe) e o NeoSphere trial (pertuzumabe e trastuzumabe) – mostraram que as mulheres com mutações no gene PIK3CA tiveram menor taxa de resposta completa do que aquelas com PIK3CA selvagem.
Doença em estádio IV
Vários estudos têm demonstrado que as mutações PIK3CA estão associadas a piores resultados em pacientes com doença metastática.
Por exemplo, no CLEOPATRA Trial, apresentado na SABCS em 2012, em pacientes com câncer de mama metastático HER-2 positivo tratados com pertuzumabe, a sobrevida global mediana foi significativamente maior naqueles com PIK3CA selvagem do que naqueles com a mutação (21,5 versus 12,5 meses).
Ainda não sabemos se as mutações estão associadas com mau prognóstico a longo prazo. A resposta patológica completa nem sempre se traduz em diferenças de sobrevida a longo prazo.
Referência:
- 36th Annual San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS): Sumário S4-06 (Loibl), apresentado em 11 de dezembro de 2013. Resumos S4-04 (Vora), apresentados em 12 de dezembro de 2013.
Raphael Brandão
(Médico Residente de Oncologia do Hospital São José – Beneficência Portuguesa de São Paulo)