VOLUME 14 ● NÚMERO 15

ATUALIZAÇÃO EM CÂNCER GÁSTRICO AVANÇADO – FOCO NA DOENÇA HER-2 POSITIVO

O conhecimento sobre a classificação molecular do câncer gástrico nos permite identificar subtipos tumorais com características clínicas e patológicas específicas e prevalências distintas de biomarcadores potencialmente acionáveis.¹ Dentre essas alterações, a expressão de HER-2 apresenta-se como um dos principais alvos terapêuticos, particularmente na doença avançada, ainda que sua prevalência seja variável mesmo em estudos limitados à população brasileira.^2-5 Na presença da hiper expressão de HER-2, diferentes estudos demonstraram um ganho de eficácia no tratamento associado utilizando quimioterapia, um anticorpo anti-HER-2 e um inibidor de checkpoint imune.^6,7

Neste cenário, o estudo de fase III KEYNOTE-811 randomizou 692 pacientes com adenocarcinoma gástrico e da junção gastroesofágica HER-2 positivo entre tratamento de primeira linha com quimioterapia (5-fluorouracil e cisplatina ou capecitabina e oxaliplatina) e trastuzumabe combinados a pembrolizumabe ou a placebo.

A taxa de resposta foi 74,4% e 51,9% nos braços pembrolizumabe e placebo (p=0,00006), respectivamente. Adicionalmente, a duração mediana de resposta foi 10,6 meses no braço que recebeu pembrolizumabe e 9,5 meses no braço tratado com placebo. A avaliação de segurança demonstra dados semelhantes entre os braços, sem diferença ao que foi apresentado em outros estudos avaliando o imunoterápico.⁸ Esses resultados motivaram a aprovação desta indicação terapêutica para o uso de pembrolizumabe combinado a quimioterapia e trastuzumabe no Brasil em pacientes com doença avançada HER-2 positiva e com expressão de PD-L1 ≥ 1 (pelo escore combinado positivo).

Neste Vídeo-MOC, o Dr. Fabio Kater, oncologista clínico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, apresenta os dados que levaram ao desenvolvimento do regime terapêutico avaliado no estudo KEYNOTE-811 e discorre sobre os resultados do estudo. Após isso, participa de uma discussão com o Dr. Antonio C. Buzaid, editor do MOC, sobre a incorporação destes dados na prática diária.

Apoio:

Referências:

1. F L, YY J. Clinical impact of tumour biology in the management of gastroesophageal cancer. Nature reviews Clinical oncology. 2016;13(6).
2. MD B, E F, JH F, S N, AL M, WL dC, et al. Prognostic implications of altered human epidermal growth factor receptors (HERs) in gastric carcinomas: HER2 and HER3 are predictors of poor outcome. Journal of clinical oncology : official journal of the American Society of Clinical Oncology. 2011;29(22).
3. LF A-M, AA J, DR W, JS dS, EC C, JH F, et al. HER2 in gastric cancer: comparative analysis of three different antibodies using whole-tissue sections and tissue microarrays. World journal of gastroenterology. 2013;19(38).
4. RS L, MA B, D B, M DB, CB N, RM R, et al. Association between HER2 status in gastric cancer and clinicopathological features: a retrospective study using whole-tissue sections. BMC gastroenterology. 2015;15.
5. RM CF, P K, LC C, MT F, P C-S, DK F, et al. Evaluation of the Expression of the Human Epithelial Receptor 2 (HER2) in Gastric Carcinoma. TheScientificWorldJournal. 2016;2016.
6. YY J, SB M, WK C, B M, SS C, C A, et al. First-line pembrolizumab and trastuzumab in HER2-positive oesophageal, gastric, or gastro-oesophageal junction cancer: an open-label, single-arm, phase 2 trial. The Lancet Oncology. 2020;21(6).
7. Rha SY, Lee C-k, Kim HS, Kang B, Jung M, Kwon WS, et al. A multi-institutional phase Ib/II trial of first-line triplet regimen (Pembrolizumab, Trastuzumab, Chemotherapy) for HER2-positive advanced gastric and gastroesophageal junction cancer (PANTHERA Trial): Molecular profiling and clinical update. https://doiorg/101200/JCO2021393_suppl218. 2021.
8. YY J, A K, P Y, N L, S L, O K, et al. The KEYNOTE-811 trial of dual PD-1 and HER2 blockade in HER2-positive gastric cancer. Nature. 2021;600(7890).