Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Vídeo-MOC

VOLUME 13 ● NÚMERO 18

O PAPEL DE NERATINIBE COMO TERAPIA ADJUVANTE ESTENDIDA NO CÂNCER DE MAMA HER-2 POSITIVO ESTÁGIO INICIAL

Os desfechos do tratamento perioperatório do câncer de mama HER-2 positivo ainda representam um desafio para o desenvolvimento de novas estratégias, uma vez que o risco de recorrência é cerca de 10-15% e 25-30% aos 3 e 10 anos, respectivamente, apesar das novas terapias empregadas, tais como o tratamento adjuvante com a combinação de trastuzumabe e pertuzumabe ou T-DM1.1–6 Este risco é certamente ainda mais alto nos pacientes com ausência de resposta patológica completa após tratamento neoadjuvante com terapia anti-HER-2.7–11

Nesse contexto, neratinibe oferece um mecanismo de ação distinto às moléculas até então disponíveis por representar um inibidor de tirosina quinase capaz de bloquear HER-1, HER-2 e HER-4. O tratamento adjuvante com neratinibe adjuvante foi avaliado no estudo de fase III ExteNET, que randomizou 2.840 pacientes com câncer de mama HER-2 positivo com comprometimento linfonodal ou submetidas a terapia neoadjuvante e com ausência de resposta completa patológica entre neratinibe ou placebo administrados por 1 ano após conclusão de tratamento adjuvante com trastuzumabe em até 2 anos previamente à randomização.

Dentre a população avaliada, aproximadamente metade das pacientes encontrava-se em status pré-menopausa, cerca de 75% apresentavam comprometimento linfonodal (incluindo 30% com ≥ 4 linfonodos positivos), 57% possuíam receptores hormonais positivos (RH positivo) e 68% haviam recebido regime quimioterápico com antraciclina e taxano. Nas pacientes com RH positivo que iniciaram o uso de neratinibe adjuvante em até 1 ano do término de trastuzumabe, houve uma redução de 51% no risco de doença invasiva ou morte em comparação ao tratamento com placebo (HR=0,49; IC de 95%: 0,30-0,78; p=0,02), com benefício absoluto de 4,5% aos 2 anos.12,13 Em análise exploratória, as pacientes com RH positivo com ausência de resposta patológica completa após tratamento neoadjuvante e tratadas com neratinibe adjuvante em ≤ 1 ano após o uso de trastuzumabe apresentaram benefício em sobrevida global (HR=0,47; IC de 95%: 0,22-0,92) com ganho absoluto aos 8 anos de 9,1%.12 Outro dado que merece destaque é a menor taxa de recorrência de doença no sistema nervoso central em pacientes tratadas com neratinibe (incidência cumulativa de 0,7% versus 2,1% aos 5 anos).

A Dra. Joyce O’Shaugnessy, oncologista do Baylor-Sammons Cancer Center em Dallas, Texas, apresenta neste Vídeo-MOC uma revisão completa sobre o racional para o uso de neratinibe adjuvante, bem como um algoritmo para a seleção de pacientes candidatas ao tratamento e o manejo da diarreia, a toxicidade mais prevalente após uso da droga, com base no estudo CONTROL.14 Na sequência, os Drs. Antonio C. Buzaid e Carlos Barrios, editores do MOC, discutem sobre a incorporação do uso de neratinibe adjuvante na prática clínica após a recente aprovação pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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Referências:

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  2. Perez EA, Romond EH, Suman VJ, et al. Trastuzumab plus adjuvant chemotherapy for human epidermal growth factor receptor 2-positive breast cancer: planned joint analysis of overall survival from NSABP B-31 and NCCTG N9831. J Clin Oncol. 2014;32(33):3744-3752. doi:10.1200/JCO.2014.55.5730
  3. Goldhirsch A, Gelber RD, Piccart-Gebhart MJ, et al. 2 years versus 1 year of adjuvant trastuzumab for HER2-positive breast cancer (HERA): an open-label, randomised controlled trial. Lancet. 2013;382(9897):1021-1028. doi:10.1016/S0140-6736(13)61094-6
  4. Cameron D, Piccart-Gebhart MJ, Gelber RD, et al. 11 years’ follow-up of trastuzumab after adjuvant chemotherapy in HER2-positive early breast cancer: final analysis of the HERceptin Adjuvant (HERA) trial. Lancet. 2017;389(10075):1195-1205. doi:10.1016/S0140-6736(16)32616-2
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  6. von Minckwitz G, Huang CS, Mano MS, et al. Trastuzumab Emtansine for Residual Invasive HER2-Positive Breast Cancer. N Engl J Med. 2019;380(7):617-628. doi:10.1056/NEJMOA1814017
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  8. Untch M, Minckwitz G von, Gerber B, et al. Survival Analysis After Neoadjuvant Chemotherapy With Trastuzumab or Lapatinib in Patients With Human Epidermal Growth Factor Receptor 2–Positive Breast Cancer in the GeparQuinto (G5) Study (GBG 44). Journal of Clinical Oncology. 2018;36(13):1308-1316. doi:10.1200/JCO.2017.75.9175
  9. de Azambuja E, Holmes AP, Piccart-Gebhart M, et al. Lapatinib with trastuzumab for HER2-positive early breast cancer (NeoALTTO): survival outcomes of a randomised, open-label, multicentre, phase 3 trial and their association with pathological complete response. Lancet Oncol. 2014;15(10):1137-1146. doi:10.1016/S1470-2045(14)70320-1
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  11. Gianni L, Pienkowski T, Im YH, et al. 5-year analysis of neoadjuvant pertuzumab and trastuzumab in patients with locally advanced, inflammatory, or early-stage HER2-positive breast cancer (NeoSphere): a multicentre, open-label, phase 2 randomised trial. Lancet Oncol. 2016;17(6):791-800. doi:10.1016/S1470-2045(16)00163-7
  12. Chan A, Moy B, Mansi J, et al. Final Efficacy Results of Neratinib in HER2-positive Hormone Receptor-positive Early-stage Breast Cancer From the Phase III ExteNET Trial. Clin Breast Cancer. 2021;21(1):80-91.e7. doi:10.1016/J.CLBC.2020.09.014
  13. Martin M, Holmes FA, Ejlertsen B, et al. Neratinib after trastuzumab-based adjuvant therapy in HER2-positive breast cancer (ExteNET): 5-year analysis of a randomised, double-blind, placebo-controlled, phase 3 trial. Lancet Oncol. 2017;18(12):1688-1700. doi:10.1016/S1470-2045(17)30717-9
  14. Barcenas CH, Hurvitz SA, di Palma JA, et al. Improved tolerability of neratinib in patients with HER2-positive early-stage breast cancer: the CONTROL trial. Ann Oncol. 2020;31(9):1223-1230. doi:10.1016/J.ANNONC.2020.05.012

 

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