Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Diversos

Sessão plenária da ASCO destaca melanoma e GIST

O 47º encontro anual da American Society of Clinical Oncology (ASCO), realizado entre 3 e 7 de junho de 2011 em Chicago, foi marcado por uma sessão plenária pouco típica, já que o maior destaque nessa sessão foi dado a melanoma e ao tumor estromal gastrintestinal (GIST).

No primeiro estudo de fase III sobre melanoma, 675 pacientes com a mutação V600E no oncogene BRAF foram randomizados para receber o vemurafenibe (ou PLX4032, usado na dose diária de 960 mg por via oral) ou a dacarbazina. Cerca de dois terços dos pacientes tinham doença em estágio M1c, e foram usados como endpoints co-primários a sobrevida global (SG) e a sobrevida livre de progressão (SLP). Na análise interina apresentada em Chicago, o tratamento com vemurafenibe aumentou de maneira significativa a SG (hazard ratio [HR]=0,37; P<0,0001) e a SLP (HR=0,26; P<0,0001). A taxa de resposta, endpoint secundário no estudo, foi de 48,4% com vemurafenibe e de 5,5% com dacarbazina. Os eventos adversos de graus 3 ou 4 mais importantes com vemurafenibe incluíram artralgia, erupção cutânea, fotossensibilidade e neoplasias epidermoides da pele. Logo após o encontro em Chicago, o estudo foi publicado na íntegra no New England Journal of Medicine. O vemurafenibe é um inibidor da atividade da quinase BRAF que promove redução tumoral na maioria dos pacientes com doença metastática e a mutação V600E, encontrada em cerca de metade dos melanomas. Vale ressaltar que, em pacientes com menos de 40 anos, essa mutação é encontrada em até 80% dos casos.

O outro estudo de fase III sobre melanoma apresentado em sessão plenária avaliou o ipilimumabe em primeira linha em 502 pacientes não selecionados conforme o perfil de HLA, cerca de metade dos quais com doença em estágio M1c. O endpoint primário desse estudo foi a SG, sendo a SLP um endpoint secundário. O ipilimumabe foi usado na dose de 10 mg/kg a cada 3 semanas por quatro ciclos iniciais ao longo das 12 primeiras semanas; a mesma dose poderia ser usada a cada 12 semanas a partir da 24ª semana nos pacientes sem progressão ou toxicidade limitante. A mediana de SG foi de 11,2 meses para os pacientes que receberam a combinação de ipilimumabe e dacarbazina, contra 9,1 meses para pacientes tratados com a dacarbazina e placebo (HR=0,72; P<0,0009). A duração mediana da resposta no grupo tratado com a combinação foi de 19,2 meses. Os efeitos tóxicos mais frequentes pela adição do ipilimumabe foram prurido, erupção cutânea, diarreia, colite e elevação de transaminases. Esss resultados, que reforçam o papel do ipilimumabe no arsenal terapêutico contra o melanoma metastático, também já foram publicados na íntegra no New England Journal of Medicine. O ipilimumabe é um anticorpo anti-CTLA4 com atividade anteriormente demonstrada em melanoma metastático positivo para HLA-A*0201. Essa droga foi recentemente aprovada pela agência FDA.

Por fim, um estudo de fase III apresentado em sessão plenária em Chicago comparou a eficácia do tratamento adjuvante com imatinibe por 12 ou por 36 meses em 397 pacientes com GIST de alto risco conforme os critérios de consenso. Esses pacientes haviam sido submetidos à ressecção completa com margens clínicas negativas, e o endpoint primário do estudo foi a sobrevida livre de doença (SLD). O imatinibe foi administrado em dose diária de 400 mg por via oral, e o tratamento por 36 meses promoveu aumento significativo de SLD (HR=0,46; P<0,0001). A análise de SG ainda é precoce, mas já sugere benefício para o tratamento mais longo (HR=0,45; P<0,019). A toxicidade do tratamento foi conforme o esperado e reproduziu os achados dos estudos anteriores com imatinibe em GIST. Porém, maior número de eventos adversos de graus 3 ou 4 foi registrado no grupo tratado por 36 meses.

22/6/2011

Foto: Daniela Mirandola

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