Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Sarcomas de Partes Moles

Tumor fibroso solitário maligno e hemangiopericitoma localmente avançados, recorrentes e metastáticos – atividade da temozolamida e bevacizumabe

Hemangiopericitomas e tumores fibrosos solitários (HPC/SFT) são classificados como sarcomas de tecidos moles e parecem exibir diferenciação fibroblástica. Geralmente afetam indivíduos entre 20 e 70 anos. Embora possam ser encontrados em praticamente qualquer parte do corpo, os locais mais comuns de envolvimento incluem os membros inferiores, retroperitônio/pelve, pulmão/pleura e meninges. A cirurgia é geralmente o tratamento de escolha para a doença localizada, com 54-89% de sobrevida global em 10 anos após ressecção cirúrgica completa.

Cerca de 20% dos pacientes com HPC/SFT irão recorrer localmente ou com metástases à distância. Para esses pacientes, ressecções adicionais devem ser consideradas. Para tumores irresecáveis, as opções terapêuticas são limitadas. A radioterapia pode ser considerada em casos selecionados, e resposta a tratamentos sistêmicos ainda são insuficientes.

Em uma análise retrospectiva na Cancer em 2011, foram avaliados os registros de 14 pacientes com diagnóstico histopatológico confirmado HPC/SFT que foram tratados na Universidade do Texas MD Anderson Cancer Center de maio de 2005 a junho de 2007. Todos os pacientes foram tratados com 150 mg/m² de temozolomida por via oral do D1 ao D7 e do D15 ao D21, associado ao bevacizumabe, 5 mg/kg endovenoso no D8 e D22, a cada 28 dias.

Após 34 meses de acompanhamento, os resultados foram:

  • 11 pacientes (79%) obtiveram resposta parcial.
  • 2 pacientes (14%) obtiveram doença estável como a melhor resposta.
  • 1 paciente (7%) apresentou progressão de doença.
  • A mediana de sobrevida livre de progressão foi estimada em 9,7 meses, sendo que, 5 pacientes obtiveram tempo livre de progressão maior ou igual a 20 meses.
  • Taxa livre de progressão foi de 78,6% em 6 meses.
  • A toxicidade mais frequentemente observada foi a mielossupressão com neutropenia e plaquetopenia, levando à necessidade de modificações no tratamento em 4 pacientes.
  • Tempo médio para resposta de 2,5 meses.

A combinação com temozolomida e bevacizumabe se mostrou uma importante opção de tratamento sistêmico, bem tolerado e clinicamente benéfico em pacientes com hemangipericitoma localmente avançado, recorrente e metastático e tumor fibroso solitário maligno. Investigação adicional com estudo prospectivo é fundamental.

Referências:
Park MS, Patel SR, Ludwig JA, et al. Activity of temozolomide and bevacizumab in the treatment of locally advanced, recurrent, and metastatic hemangiopericytoma and malignant solitary fibrous tumor. Cancer 2011;117(21):4939-47.

ALINE DA ROCHA LINO
(Médica Residente de Oncologia do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes)

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