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Osimertinibe é aprovado pela ANVISA como terapia de consolidação no câncer de pulmão com mutação de EGFR após quimiorradioterapia definitiva
Em 16 de abril de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o uso de osimertinibe como terapia de consolidação para pacientes adultos com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) localmente avançado, irressecável (estádio III), cujos tumores apresentam deleções no éxon 19 ou mutações L858R no éxon 21 do gene EGFR, e que não apresentaram progressão da doença durante ou após quimiorradioterapia (QRT) definitiva à base de platina. A decisão regulatória foi baseada nos resultados do estudo de fase III LAURA, que demonstrou benefícios clínicos e estatisticamente significativos com o uso de osimertinibe nesse cenário.
O estudo LAURA incluiu 216 pacientes com CPCNP estádio III, irressecável, com mutações no EGFR (deleção do éxon 19 ou mutação L858R), que não apresentaram progressão da doença após QRT definitiva baseada em platina, e foram randomizados na proporção de 2:1 para receber osimertinibe (n=143) ou placebo (n=73), até progressão da doença ou toxicidade limitante. A idade mediana dos participantes foi de 63 anos, com 13% dos pacientes com ≥ 75 anos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (63% no grupo osimertinibe e 58% no grupo placebo). Em relação ao estádio da doença, 36% dos pacientes no grupo osimertinibe e 33% no grupo placebo estavam no estágio IIIA; 47% e 52%, respectivamente, no estágio IIIB; e 17% e 15%, respectivamente, no estágio IIIC. Quanto ao tipo de mutação do EGFR, 52% dos pacientes no grupo osimertinibe e 59% no grupo placebo apresentavam deleção no éxon 19.
O desfecho primário do estudo foi a sobrevida livre de progressão (SLP), cuja mediana atingiu 39,1 meses no grupo osimertinibe versus 5,6 meses no grupo placebo (HR=0,16; IC de 95%: 0,10-0,24; p < 0,001). A taxa de SLP em 12 meses: 74% no grupo osimertinibe versus 22% no grupo placebo, e em 24 meses: 65% no grupo osimertinibe versus 13% no grupo placebo. A análise interina da sobrevida global, com maturidade de apenas 20%, mostrou uma tendência favorável ao osimertinibe (HR=0,81; IC de 95%: 0,42-1,56; p = 0,530), embora os dados ainda sejam imaturos. Os eventos adversos de graus ≥ 3 ocorreram em 35% dos pacientes no grupo osimertinibe e em 12% no grupo placebo. Os eventos adversos graves foram observados em 38% dos pacientes tratados com osimertinibe e em 15% dos pacientes no grupo placebo. A descontinuação do tratamento devido a eventos adversos foi necessária em 13% dos pacientes no grupo osimertinibe e em 5% no grupo placebo. Os eventos adversos mais comuns incluíram linfopenia, leucopenia, doença pulmonar intersticial/pneumonite, trombocitopenia, neutropenia, rash cutâneo, diarreia, toxicidade ungueal, dor musculoesquelética, tosse e infecção por COVID-19.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida