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O uso de terapias que visam as mutações de EGFR e ALK é considerado o tratamento padrão em primeira linha para câncer de pulmão, células não pequenas
A mutação do EGFR é mais frequente em mulheres e não tabagistas, sendo observada em cerca 15% dos caucasianos e em até 50% dos asiáticos.1 O EGFR mutado é fator preditivo de resposta aos inibidores de tirosina-quinase do EGFR, como erlotinibe, gefitinibe e afatinibe, alcançando taxas de respostas tão altas quanto 70%.2
Por outro lado, os benefícios com estes agentes são muitas vezes de curta duração, devido ao surgimento de mutações de resistência a essas drogas. Em 60% dos casos, a mutação de resistência envolvida é a T790M.3
Nesse sentido, muitos estudos estão sendo desenvolvidos na busca de drogas ativas contra as mutações de resistência, entre elas, está o CO-1686. Essa droga é um inibidor oral e covalente das formas mutantes do EGFR (ativas e T790M), que poupa o EGFR normal, proporcionando eficácia sem efeitos colaterais off-target ou efeitos colaterais devido à inibição das funções dos receptores normais.3
Em um estudo, foram incluídos 56 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado, recorrente e com EGFR mutado. A idade mediana dessa amostra foi de 60 anos. Desses pacientes, 80% eram mulheres, 18% asiáticos e 27% apresentavam ECOG 0 à inclusão. Além disso, 70% deles apresentavam mutação T790M positiva.3
Os dados iniciais foram apresentados no 15th World Conference on Lung Cancer3 em outubro de 2013 e atualizados no European Lung Cancer Conference 4, em março de 2014. Houve 67% de taxa de resposta pelo RECIST entre os pacientes com a mutação de resistência T790M. A taxa de resposta permaneceu acima de 50%, mesmo quando os pacientes com status desconhecido de T90M foram incluídos na análise. Até o momento, há 90% de taxa de controle de doença. O benefício é durável, com sobrevida livre de progressão maior que 6 meses (mediana ainda não atingida). A droga foi muito bem tolerada, sem erupção acneiforme, compatível com a ausência da inibição do EGFR selvagem.
No momento, cortes de expansão estão avaliando as doses de 500 mg, 750 mg e 1.000 mg, duas vezes ao dia. Estudos de registro TIGER começarão em breve.4
Referências:
- Shi Y, et al. A prospective, molecular epidemiology study of EGFR mutations in Asian patients with advanced non-small-cell lung cancer of adenocarcinoma histology (PIONEER). J Thorac Oncol 9:154, 2014.
- Rosell R, Moran T, Queralt C, et al. Screening for epidermal growth factor receptor mutations in lung cancer. N Engl J Med 361:958-67, 2009.
- Heather A. Wakelee. Serial monitoring of EGFR mutations in plasma and evaluation of EGFR mutation status in matched tissue and plasma from NSCLC patients treated with CO-1686. 15th World Conference on Lung Cancer. Oct 27-30, 2013.
- Heather A. Wakelee. Phase 1 evaluation of CO-1686, an irreversible, mutant-selective inhibitor of EGFR mutations (activating and T790M).European Lung Cancer Conference. Mar 26-29, 2014.
Antonio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Aline da R. Lino
Médica Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo.