Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Pulmão

Metanálise mostrou benefício em sobrevida global em quimioterapia neoadjuvante em câncer de pulmão de células não pequenas

Uma metanálise publicada na revista The Lancet, constatou que a terapia neoadjuvante para câncer de pulmão de células não pequenas foi associada com uma redução significativa de 13% no risco de morte. Também foram observados benefícios significativos na sobrevida e no tempo livre de recidiva à distância.

O estudo envolveu uma busca sistemática de estudos com quimioterapia (QT) neoadjuvante em câncer de pulmão de células não pequenas ressecável, iniciados a partir de janeiro de 1965.

O endpoint primário foi sobrevida global (SG). A análise incluiu 15 estudos randomizados, envolvendo um total de 2.385 pacientes, o que representou 92% de todos os pacientes randomizados nos estudos elegíveis.

Para os pacientes que receberam QT mais cirurgia versus cirurgia isolada 28 versus 29% tinham adenocarcinoma e 49 versus 52% tinham histologia escamosa; estádio IB em 43 versus 46%, IIB em 24 versus 26%, e IIIA em 24 e 21%, o EGOG era 0 em 43% versus 43% e 1 em 45 versus 46 %.

Dados de sobrevida global

A metanálise mostrou uma melhora significativa na SG com a terapia neoadjuvante (HR=0,87; p=0,007) que, tem termos absolutos representa um ganho de SG em 5 anos de 45 versus 40%.

Na análise incluindo apenas estudos que utilizaram regimes à base de platina, não havia nenhuma evidência de que o efeito da QT estava de acordo com o tipo de esquema quimioterápico (p=0,91 para analise de terapia baseada em platina), o número de agentes de QT por protocolo (p=0,84), ou ambos os tipos de regime de QT e do número de agentes (p=0,79).

Não há diferença conforme os regimes baseados em cisplatina ou carboplatina (p=0,48 para interação) ou se os pacientes receberam radioterapia pós-operatória (p=0,87 para interação).

Dados de sobrevida livre de recorrência

Tanto a sobrevida livre de recorrência (HR=0,85; p=0,002) quanto o tempo de recorrência à distância (HR=0,69; p<0,0001) foram significativamente melhores com a QT neoadjuvante. Os dados representam um ganho de sobrevida livre de recorrência em 5 anos de 36% versus 30%.

Os autores da metanálise concluíram em pacientes com carcinoma de células não pequenas em estádio IB – IIIA e com doença potencialmente ressecável o uso de QT neoadjuvante melhorou significativamente a SG, tempo de recorrência à distancia e a sobrevida livre de recidiva. Os resultados do estudo sugerem que o uso de QT neoadjuvante se trata de uma opção sólida de tratamento para a maioria destes pacientes.

Referência:
NSCLC Meta-analysis Collaborative Group. Preoperative chemotherapy for non-small cell lung cancer: a systematic review and meta-analysis of individual participant data. Lancet 2014;Epub ahead of print, Feb 24.

Antônio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo

Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes – Beneficência Portuguesa de São Paulo

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