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Imunoterapia aprovada para o tratamento de primeira linha do câncer de cabeça e pescoço nos EUA
A incidência do câncer de cabeça e pescoço nos Estados Unidos aproxima-se de 53.000 casos ao ano, com cerca de 10.800 mortes, sendo os principais fatores etológicos dessa neoplasia o tabagismo, e a infecção pelo HPV. A taxa de sobrevida em 5 anos no cenário de doença avançada varia entre 35-60%, a depender de fatores prognósticos e etiologia do tumor. Os pacientes com essa neoplasia agora contam com um novo regime de tratamento aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), utilizando pembrolizumabe isolado se PDL-1 ≥ 1, ou combinado a quimioterapia com platina e fluorouracil para todos os pacientes.
Essas opções de tratamento são baseadas no estudo de fase III KEYNOTE-048, que randomizou 882 pacientes com carcinoma escamoso de cabeça e pescoço (orofaringe, cavidade oral, hipofaringe ou laringe) com doença metastática ou recorrente não candidata a terapia definitiva para receberem um dos três regimes de tratamento: pembrolizumabe isolado (braço 1), pembrolizumabe associado a cisplatina ou carboplatina e 5-fluorouracil (braço 2), ou cetuximabe associado ao mesmo regime quimioterápico anterior (braço 3). Os dados do estudo foram atualizados na ASCO 2019, com um seguimento mediano aproximado de 25 meses. A análise de sobrevida global na população total incluída no estudo demonstrou benefício do tratamento com pembrolizumabe + quimioterapia em comparação a cetuximabe + quimioterapia, com medianas de 13,0 e 10,7 meses, respectivamente (HR=0,77; IC de 95%: 0,63-0,93; p=0,0067). Na população com expressão de PDL-1 ≥ 1, avaliada através do escore proporcional combinado (CPS), o tratamento com pembrolizumabe isolado também foi associado a benefício em sobrevida global quando comparado a cetuximabe + quimioterapia, com medianas de 12,3 meses e 10,3 meses, respectivamente (HR=0,78; IC de 95%: 0,64-0,96; 0,0171). A comparação entre pembrolizumabe e cetuximabe + quimioterapia foi associada a benefício ainda maior na população com PDL-1 ≥ 20 (HR=0,61; IC de 95%: 0,45-0,83; p=0,0015).
Na avaliação de segurança, os eventos adversos mais frequentes associados a pembrolizumabe isolado foram fadiga, constipação e rash, e no tratamento combinado de pembrolizumabe + quimioterapia foram náusea, fadiga, constipação, vômito, mucosite e inapetência.
A dose recomendada de pembrolizumabe para tratamento é de 200 mg a cada 3 semanas, até progressão de doença, toxicidade limitante ou até concluir 24 meses de tratamento na ausência de progressão.
“O estudo KEYNOTE-048 consagra o uso de imunoterapia para câncer de cabeça e pescoço, que já vinha sendo utilizada há alguns anos em pacientes que falharam a platina. Os dados agora demonstram que os anti-PD-1 também tem papel na primeira linha de tratamento em pacientes com doença recorrente/metastática. Ainda não está claro quem são os pacientes que devem ser tratados com pembrolizumabe monoterapia versus em combinação com quimioterapia. A opção de platina, 5-FU e pembrolizumabe parece ser apropriada para a maioria dos casos, enquanto que a monoterapia talvez deva ser reservada somente para pacientes com alta expressão de PDL-1, com baixo volume de doença, pouco sintomáticos e com progressão não acelerada, visto que as taxas de resposta com pembrolizumabe isolado tendem a ser inferiores aos regimes contendo quimioterapia”, ressalta o Dr. William William, oncologista e diretor médico da Oncologia Clínica e Hematologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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