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Combinação de imunoterapia atinge resultados positivos em primeira linha de tratamento para câncer de pulmão
A biofarmacêutica Bristol-Myers Squibb® anunciou na última semana através de um Press Release que o estudo fase III CheckMate-227 atingiu seu objetivo primário, promovendo benefício estaticamente significativo em sobrevida livre de progressão no tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas, com alta carga mutacional (≥ 10 mutações/megabase), independente da expressão de PD-L1.
O estudo fase III CheckMate-227 randomizou mais de 2500 pacientes com câncer de pulmão metastático não pequenas células (subtipos não escamoso e escamoso) sem tratamento prévio para receberem a combinação de nivolumabe e ipilimumabe ou quimioterapia baseada em platina. Este estudo foi dividido em três diferentes braços de acordo com diferentes combinações de tratamento e características dos pacientes, e o resultado anunciado é baseado em uma análise de dados dos braços 1a e 1b.
No Brasil, foram randomizados cerca de 120 pacientes para participar do CheckMate-227. Atualmente, 67 desses pacientes ainda estão em tratamento com a combinação.
A carga de mutação tumoral (tumor mutation burden – TMB) é um biomarcador quantitativo que reflete o número total de mutações por célula tumoral. Acredita-se que as células tumorais com alta carga de mutações têm níveis maiores de antígenos, o que poderia induzir o sistema imune a produzir uma maior resposta antitumoral. No estudo, a carga de mutação tumoral foi avaliada através do Foundation One CDx.
Segundo a nota divulgada pela empresa, os dados de segurança do estudo são concordantes com os previamente conhecidos em relação ao tratamento com a combinação dos imunoterápicos (nivolumabe, 3 mg/kg, a cada 2 semanas + ipilimumabe, 1 mg/kg, a cada 6 semanas).
Segundo o Dr. William William, diretor médico da Oncologia Clínica e Hematologia do Centro Oncológico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e editor do MOC, “este é um importante estudo que explora a combinação de dois inibidores de checkpoints imunológicos em um contexto de fase III, e o primeiro até agora a demonstrar resultados positivos na análise de um desfecho coprimário. Os resultados mostrando aumento de sobrevida livre de progressão em favor da combinação poderão levar a novas opções de tratamento de primeira linha para o câncer de pulmão de células não pequenas. Ademais, a avaliação prospectiva de carga tumoral e a seleção de tratamento levando em conta este fator certamente resultarão em avanços importantes no entendimento do papel de novos biomarcadores para a personalização do uso da imunoterapia”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida.