Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Pulmão

A presença de derrame pleural mínimo é um fator prognóstico independente para sobrevida global em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas

O derrame pleural (DP) mínimo é definido como < 10 mm de espessura por tomografia ou radiografia de tórax em decúbito lateral. Na 7ª edição do AJCC, o estadiamento TNM classifica a presença de DP malignos como M1a. No entanto, nem toracocentese nem biópsias pleurais são recomendadas para DP mínimos.

Um estudo retrospectivo, realizado em um hospital na Coreia do Sul revisou tomografias de tórax de 2.061 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas, foram identificados 272 pacientes (13,2%) com DP mínimo.

Os pacientes com DP mínimo tiveram menor sobrevida global (SG) mediana em comparação com aqueles sem DP (7,7 versus 17,7 meses; p<0,001), foi evidenciado que a presença de DP mínimo é fator prognostico independente para menor SG (HR=1,4; p<0,001).

O impacto em SG foi maior na doença inicial (HR=2,07, para estádio I contra HR=1,16, para estádio IV; p=0,001). No entanto, a incidência de DP mínimo foi menor nos estádios iniciais (5,2% em estádio I; 10,9% no estádio II; 13,2% no estádio IIIA; 23,8% no estádio IIIB e 13,9% no estádio IV). O desenvolvimento de DP mínimo foi associado com menor SG em estádio IV da doença (HR=1,20; p<0,001).

Em conclusão, pensamos que o estudo apresenta falhas inerentes a uma metodologia retrospectiva, mas é interessante no sentido de nos estimular a ser mais invasivos no  estadiamento de pacientes com o chamado derrame pleural mínimo, ou a seguir mais de perto estes doentes.

Hoje, com as técnicas de punção guiada por exames de imagem como ultrassonografia e tomografia computadorizada, mais pacientes com derrame mínimo poderiam ser investigados, principalmente aqueles que são candidatos a tratamento cirúrgico ou tratamento curativo multimodal.

Isso reforça a importância do estadiamento por vídeo toracoscopia para avaliação pleural antes da ressecção pulmonar, bem como o papel da citologia do lavado pleural intraoperatório nestes pacientes, na vigência ou não do DP mínimo.

Agradecemos em especial ao Dr. Fabio Haddad pela valiosa colaboração com seus comentários.

Referência:
Ryu JS, Ryu HJ, Lee SN, et al. Prognostic impact of minimal pleural effusion in non-small-cell lung cancer. J Clin Oncol 2014;Epub ahead of print, Feb 18.

Antônio Carlos Buzaid
Chefe Geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo

Fábio José Haddad
Doutor em Cirurgia pela Universidade de São Paulo, Cirurgião Torácico do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo

Raphael Brandão Moreira
Médico Residente de Oncologia Clínica do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes da Beneficência Portuguesa de São Paulo

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