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Zolbetuximabe recebe aprovação da ANVISA para o tratamento do câncer gástrico avançado
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, em 16 de dezembro de 2024, o uso de zolbetuximabe em combinação a quimioterapia baseada em fluoropirimidina e platina para o tratamento de primeira linha de pacientes adultos com adenocarcinoma gástrico ou de junção gastroesofágica (JGE) HER-2 negativo, localmente avançado irressecável ou metastático, cujos tumores são positivos para Claudina 18.2 (CLDN18.2).
Os dados que embasaram esta aprovação derivam da avaliação de zolbetuximabe em dois estudos clínicos randomizados e multicêntricos de fase III: SPOTLIGHT e GLOW. Ambos incluíram pacientes com adenocarcinoma gástrico ou de JGE avançado, irressecável ou metastático, HER-2 negativo e CLDN18.2 positivo.
No estudo SPOTLIGHT, 565 pacientes foram randomizados para receber zolbetuximabe ou placebo em combinação com quimioterapia no regime mFOLFOX6. A idade mediana da população foi de 61 anos, 76% tinham tumor primário de sítio gástrico e 24% da JGE, 84% dos tumores eram metastáticos, 16% tinham lesões localmente avançados e 29% haviam se submetido a gastrectomia prévia.
A sobrevida livre de progressão mediana foi de 10,6 meses no grupo zolbetuximabe versus 8,7 meses no grupo placebo (HR=0,751; IC de 95%: 0,598-0,942; p=0,0066). A sobrevida global mediana foi de 18,2 versus 15,5 meses nos mesmos grupos, respectivamente (HR=0,750; IC de 95%: 0,601-0,936; p=0,0053). A taxa de resposta no braço de zolbetuximabe foi de 40,3% com duração mediana de resposta de 10,3 meses, enquanto os mesmos desfechos foram de 39,7% e 10,5 meses nos braço controle.
No estudo GLOW, que incluiu 507 pacientes, a população foi caracterizada por uma idade mediana de 60 anos, 84% tinham tumor primário gástrico, 16% tinham tumores de JGE, 88% dos tumores eram metastáticos, 12% eram localmente avançados e 27% haviam passado por gastrectomia prévia. Neste estudo, os pacientes foram randomizados entre zolbetuximabe ou placebo em combinação com quimioterapia no regime CAPOX.
Como resultados, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 8,2 meses no grupo zolbetuximabe e 6,8 meses no grupo placebo (HR=0,687; IC de 95%: 0,544-0,866; p=0,0007). A sobrevida global mediana foi de 14,4 versus 12,2 meses nos mesmos grupos, respectivamente (HR=0,771; IC de 95%: 0,615-0,965; p=0,0118). A taxa de resposta no braço de zolbetuximabe foi de 32,3% com duração mediana de resposta de 8,3 meses, enquanto os mesmos desfechos foram de 31,2% e 6,2 meses nos braço controle. Os eventos adversos graves mais comuns (≥ 2%) observados nos estudos incluíram: vômitos, náuseas, neutropenia, neutropenia febril, diarreia, obstrução intestinal, febre, pneumonia, embolia pulmonar, perda de apetite e sepse.
A dose inicial de zolbetuximabe é de 800 mg/m², via intravenosa, seguida por doses subsequentes de 600 mg/m² a cada 3 semanas, ou 400 mg/m² a cada 2 semanas, em combinação com quimioterapia à base de fluoropirimidina e platina.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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