Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Linfomas

Tratamento do linfoma folicular com CAR-T é aprovado nos EUA

O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 05 de março de 2021 o uso da terapia celular com células T com receptor de antígeno quimérico (CAR-T) anti-CD19, axicabtagene ciloleucel, para o tratamento de pacientes com linfoma folicular refratário ou recorrente previamente expostos a duas ou mais linhas de terapia sistêmica.

A aprovação é baseada nos dados do estudo ZUMA-5, que avaliou o uso do CAR-T em pacientes com linfoma folicular refratário ou recidivado tratados previamente com dois ou mais regimes, incluindo um anticorpo anti-CD20 e um agente alquilante. O CAR-T foi administrado em uma infusão única intravenosa após quimioterapia para linfodepleção. Dentre os 81 pacientes incluídos na análise primária de eficácia, a taxa de resposta objetiva foi de 91%, com taxa de remissão completa de 60%, e tempo mediano para resposta de 1 mês. A duração mediana de resposta não foi alcançada, porém 76,2% dos respondedores mantiveram o benefício por ao menos 12 meses. Quando a avaliação foi conduzida entre todos os pacientes submetidos a leucoaférese (n=123), a taxa de resposta objetiva foi de 89%, com taxa de remissão completa de 62%. Dentre os eventos adversos relacionados ao CAR-T, destacaram-se a síndrome de liberação de citocinas em 88% dos pacientes, sendo 10% deles em graus ≥ 3, e toxicidades neurológicas em 81%, com 26% de graus ≥ 3.

Este é um grande passo no tratamento do linfoma folicular, enfermidade de curso indolente na maioria dos casos, mas que em cerca de 25% das vezes pode apresentar-se com curta resposta à abordagem inicial e refratariedade ao tratamento, o que requer múltiplas, e por vezes ineficientes, terapias de resgate utilizadas com o objetivo de obter remissões mais duradouras. Este estudo não somente mostra que o tratamento com CAR-T, no caso, axicabtagene ciloleucel, é capaz de induzir remissões completas como também duradouras na maioria dos casos”, destaca o Dr. Jairo Sobrinho, hematologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

“Melhoras progressivas ao longo do acompanhamento foram observadas em alguns pacientes cuja resposta inicial não foi completa, isto é, o paciente que não conseguiu eliminar a doença no primeiro mês de tratamento o faz gradualmente ao longo dos meses subsequentes. Importante destacar que foram avaliados pacientes previamente expostos a até 7 linhas de tratamento sem resposta adequada e alguns com doença progressiva, que após a infusão do CAR-T estão sem doença mensurável. O estudo também analisou pacientes com linfoma folicular transformado em linfoma agressivo, condição grave, sem tratamento ideal estabelecido e alto risco de óbito. Ainda nesse cenário desfavorável, este novo tratamento resultou em 42% de respostas completas. Por conta da sua alta efetividade, o uso de CAR-T pode e deve ser considerado um grande avanço no tratamento do linfoma folicular”, conclui o Dr. Sobrinho.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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