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Terapia de suporte aprovada para o tratamento do câncer de pulmão de células pequenas nos EUA
O tratamento oncológico com uso de quimioterapia sistêmica é consagrado como terapia padrão para diversos tumores, principalmente em decorrência da extensa literatura demonstrando a eficácia dessa classe de drogas. Porém, essas medicações também são associadas a diferentes efeitos adversos, sendo muitas vezes necessária a atuação sobre toxicidades específicas a fim de preveni-las ou reduzi-las, garantindo a segurança do tratamento.
Como parte dessas terapias de suporte, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 12 de fevereiro de 2021 o inibidor de quinase dependente de ciclina 4 e 6 trilaciclibe para o tratamento de pacientes portadores de câncer de pulmão de células pequenas recebendo quimioterapia sistêmica para a doença extensa.
A aprovação é baseada nos dados de três diferentes estudos clínicos (NCT03041311, NCT02499770 e NCT02514447) analisados em combinação, que randomizaram juntos 245 pacientes com câncer de pulmão de células pequenas entre quimioterapia sistêmica associada ou não a trilaciclibe. Dentre os diferentes regimes quimioterápicos avaliados nos estudos, estavam contemplados o regime de carboplatina combinada com etoposideo, a mesma combinação em conjunto a atezolizumabe e também o uso de topotecano isolado.
Como resultados, os estudos demonstraram que a utilização de trilaciclibe como parte do tratamento quimioterápico foi associada a redução da taxa de pacientes com neutropenia grave, bem como em menor duração desse evento adverso. Dessa maneira, um menor número de pacientes do braço trilaciclibe necessitou de transfusão de hemácias, suporte com estimuladores de colônias de granulócitos ou reduções na dose de quimioterapia. Os eventos adversos apresentados em maior frequência nos pacientes que receberam trilaciclibe foram hipocalcemia, hipopotassemia e hipofosfatemia, elevação de enzimas hepáticas, cefaleia e pneumonia.
A dose de tratamento recomendada é trilaciclibe, 240 mg/m2 por via intravenosa, administrado antes da aplicação da quimioterapia em todos os dias de tratamento.
“Esse dado com o trilaciclibe é bastante interessante por permitir a manutenção da intensidade da terapia oncológica, fator de relevância na eficácia do tratamento. Até então, a mitigação da toxicidade medular induzida por agentes quimioterápicos era realizada exclusivamente com o uso de fatores de crescimento ou transfusões. A redução das citopenias com a utilização de um agente inibidor de quinase dependente de ciclina 4 e 6 é uma estratégia inovadora e abre novas oportunidades para o desenvolvimento de novas terapias no futuro que explorem mecanismos semelhantes, permitindo maior segurança e eficácia no tratamento quimioterápico dos tumores sólidos”, destaca o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida