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Terapia de privação androgênica oral é aprovada para o tratamento do câncer de próstata nos EUA
A terapia de privação hormonal é o tratamento fundamental para quase a totalidade dos pacientes portadores de câncer de próstata avançado, podendo ser empregada de maneira cirúrgica ou medicamentosa. Aumentando as opções de tratamento nesse cenário, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 18 de dezembro o antagonista do receptor de GnRH relugolix para o tratamento do câncer de próstata avançado, conforme os resultados de eficácia e segurança do estudo de fase III HERO.
Nesse estudo, 934 pacientes com câncer de próstata avançado sensível a terapia hormonal foram randomizados entre receber tratamento com relugolix ou leuprolida, um agonista do LHRH injetável.
O objetivo primário do estudo foi a taxa de supressão de testosterona abaixo de 50 ng/dL mantida por 48 semanas. Os objetivos secundários incluíram, dentre outros, a avaliação de não-inferioridade do objetivo primário, além da avaliação da taxa de pacientes com níveis suprimidos de testosterona no 4º e 15º dia do tratamento, e a taxa de supressão profunda de testosterona (< 20 ng/dL) no 15º dia de tratamento.
Após um seguimento mediano de 52 semanas, a taxa de supressão de testosterona por 48 semanas foi de 96,7% versus 88,8% para os braços relugolix e leuprolida, respectivamente (p<0,001 para superioridade). Todas as demais análises dos objetivos secundários favoreceram o braço relugolix (todos p<0,001), incluindo a taxa de supressão de testosterona nos dias 4 (56% versus 0) e 15 (98,7% versus 12,0%), a taxa de supressão profunda de testosterona no dia 15 (78,4% versus 1,0%) e a taxa de pacientes com resposta de PSA no dia 15 (79,4% versus 19,8%). Dentre os pacientes com suspensão programada do tratamento (n=184), a taxa de recuperação de testosterona (> 280 ng/dL) após 90 dias da suspensão foi de 54% e 3% nos braços relugolix e leuprolida, respectivamente (p=0,002).
Nas avaliações de segurança, a taxa de eventos adversos foi semelhante entre os grupos (92,9% e 93,5%), porém a taxa de eventos cardiovasculares maiores (infarto do miocárdio não-fatal, acidente vascular encefálico não-fatal e morte por qualquer causa) foi de 2,9% versus 6,2% nos braços relugolix e leuprolida. Quando o mesmo desfecho foi avaliado em pacientes com história prévia de eventos cardiovasculares maiores, a taxa de um novo evento foi de 3,6% versus 17,8% nos mesmos grupos, respectivamente.
“Relugolix é a primeira medicação a oferecer a possibilidade de castração química com um análogo do LHRH (neste caso um análogo antagonista) por via oral, oferecendo a possibilidade de supressão dos níveis de testosterona em pouquíssimos dias, sem o efeito flare da testosterona comumente observado com os agonistas – como a leuprolida – e consequentemente sem a necessidade de bloqueio androgênico periférico nas primeiras semanas”, destaca o Dr. Fabio Schutz, oncologista clínico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
“Da mesma maneira, assim como os antagonistas de LHRH injetáveis, o relugolix parece ter menos associação com eventos adversos cardiovasculares, principalmente nos pacientes com algum histórico de eventos cardíacos. Outras potenciais vantagens são a via de administração oral, sem o efeito colateral de reação cutânea dolorosa associada ao antagonista de LHRH injetável (degarelix), e o rápido retorno da testosterona após a interrupção do tratamento. Enfim, esta é sem dúvida uma boa adição ao arsenal terapêutico no tratamento dos pacientes com câncer de próstata”, complementa Dr. Fabio Schutz.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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