Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Mama

Ribociclibe é aprovado pela ANVISA para tratamento adjuvante do câncer de mama RH positivo e HER-2 negativo

Em setembro de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou o uso de ribociclibe, um inibidor de CDK4/6, em combinação com terapia endócrina, como tratamento adjuvante para pacientes adultos com câncer de mama em estágio inicial, com expressão de receptores hormonais (RH positivo) e HER-2 negativo, com risco clínico elevado de recorrência. A decisão regulatória no Brasil segue a aprovação prévia do FDA (Food and Drug Administration) em setembro de 2024 e baseia-se nos resultados do estudo de fase III NATALEE, que avaliou a adição de ribociclibe à hormonioterapia padrão no cenário adjuvante.

O NATALEE foi um estudo multicêntrico, internacional, randomizado e aberto, que envolveu 5.101 pacientes com câncer de mama RH positivo/HER-2 negativo, estágios II a III, com risco clínico de recorrência considerado intermediário a alto. Os participantes foram randomizados para receber ribociclibe mais um inibidor de aromatase ou o inibidor da aromatase isoladamante. Os critérios de elegibilidade incluíam: doença estádios IIB-III ou doença estádio IIA com linfonodo positivo, ou, caso linfonodo negativo, grau histológico III ou grau histológico II na presença de Ki-67 ≥ 20% ou de risco alto por teste de risco genômico. A idade mediana da população foi de 52 anos, foram incluídos 19 pacientes do sexo masculino, 88% dos pacientes possuíam comprometimento linfonodal e 88% haviam recebido quimioterapia no cenário neoadjuvante ou adjuvante. O ojetivo primário do estudo foi a sobrevida livre de doença invasiva (SLDi), definida como o tempo da randomização até a primeira ocorrência de: recidiva invasiva na mama, recidiva invasiva regional, recidiva à distância, morte por qualquer causa, câncer de mama invasivo contralateral ou segundo tumor primário de outro sítio.

Com tempo de seguimento mediano de 44,2 meses, a combinação ribociclibe + hormonioterapia demonstrou benefício significativo de SLDi em relação ao inibidor da aromatase isolado (HR=0,715; IC de 95%: 0,609-0,840; p<0,0001), com taxas de SLDi em 3 e 4 anos de 90,8% versus 88,1% e 88,5% versus 83,6%, respectivamente. Esse benefício foi observado em todos os subgrupos, independente do status linfonodal (benefício absoluto em 4 anos em N0 de 5,1% e em N+ de 5,0%) ou estádio tumoral (estádio II com benefício absoluto de 4,3% e estádio III de 5,9%). A combinação também proporcionou benefício de SLD à distância (HR=0,715; IC de 95%: 0,604-0,847). Os dados de sobrevida global permanecem imaturos, mas apresentam tendência favorável ao uso de ribociclibe (HR=0,827; IC de 95%: 0,636-1,074). Na avaliação de segurança, os eventos adversos mais frequentes no braço da combinação foram: neutropenia, infecção, náuseas, cefaléia, fadiga, leucopenia e alteração de transaminases. A taxa de eventos adversos graves neste braço foi 14%, incluindo infecção por COVID-19 (1,1%), pneumonia (0,8%) e embolia pulmonar (0,6%).

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

Continue sua leitura

Mais informações e estudos no MOC Tumores Sólidos

Acessar MOC