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Pembrolizumabe recebe nova aprovação nos EUA para tratamento perioperatório de carcinoma espinocelular (CEC) de cabeça e pescoço
Em 12 de junho de 2025, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou o uso de pembrolizumabe como tratamento perioperatório para pacientes adultos com CEC de cabeça e pescoço localmente avançado e ressecável, com expressão de PD-L1 (CPS ≥ 1). Trata-se da primeira aprovação com abordagem neoadjuvante e adjuvante para CEC de cabeça e pescoço, além de ser a primeira indicação terapêutica aprovada para essa neoplasia nos últimos seis anos.
A aprovação baseou-se nos resultados do estudo clínico randomizado de fase III KEYNOTE-689, que avaliou 714 pacientes com CEC de cabeça e pescoço localmente avançado, estádios III a IVA. Desses, 682 apresentavam tumores com CPS ≥ 1 e compuseram a população primária para análise de eficácia. Os pacientes foram randomizados para receber o tratamento experimental com 2 ciclos neoadjuvantes de pembrolizumabe a cada 3 semanas, cirurgia, 3 ciclos adjuvantes de pembrolizumabe com radioterapia (RT) com ou sem cisplatina, seguido de 12 ciclos adicionais de pembrolizumabe como monoterapia; ou o padrão de cuidado, que consiste em cirurgia e RT adjuvante com ou sem cisplatina, conforme características patológicas. As características basais da população com CPS ≥ 1 incluíam idade mediana de 60 anos (33% com ≥ 65 anos), predominância do sexo masculino (79%), cerca de 79% eram fumantes atuais ou ex-fumantes e 68% dos pacientes tinham tumores com CPS ≥ 10. A proporção de pacientes com doença estádio III foi de 26%, e de estádio IVA, 74%. A proporção de pacientes que prosseguiu para cirurgia definitiva foi semelhante entre os grupos (88%). No braço pembrolizumabe, 35% receberam RT com cisplatina, 57% receberam RT com pembrolizumabe, 3% apenas cisplatina e 5% apenas RT. No grupo controle, 52% receberam cisplatina com RT e 48% apenas RT.
O desfecho primário foi a sobrevida livre de eventos (SLE), definida como o tempo até progressão da doença antes da cirurgia, recorrência local ou à distância ou óbito. A mediana de SLE foi de 59,7 meses no braço pembrolizumabe versus 29,6 meses no controle (HR=0,70; IC de 95%: 0,55-0,89; p=0,0014). Os dados de sobrevida global ainda são imaturos, sem tendência negativa observada. Os eventos adversos foram consistentes com o perfil conhecido de pembrolizumabe, incluindo reações imunomediadas, reações infusionais e toxicidade embriofetal. A taxa de pacientes que não conseguiu realizar a cirurgia devido a eventos adversos foi de 1,4% em ambos os grupos.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida