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Pembrolizumabe recebe aprovação da ANVISA para o tratamento de tumores selecionados com instabilidade de microssatélites
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 15 de agosto de 2022 o uso do anticorpo anti-PD-1 pembrolizumabe para o tratamento de diferentes tumores apresentando instabilidade de microssatélite alta (MSI-H) ou deficiência das enzimas de reparo do DNA (dMMR). A nova indicação terapêutica listada em bula inclui pacientes com câncer colorretal irressecável ou metastático após terapia prévia baseada em fluoropirimidina, carcinoma endometrial avançado ou recorrente com progressão após regime baseado em platina, além de câncer gástrico, do intestino delgado ou biliar, com progressão durante ou após pelo menos uma terapia prévia.
No cenário do câncer colorretal, a avaliação de eficácia desta abordagem terapêutica foi avaliada no estudo de fase II KEYNOTE-164, que recrutou 124 pacientes com doença avançada previamente tratados com fluoropirimidina combinada a irinotecano e/ou oxaliplatina. A idade mediana dos pacientes foi 56 anos, sendo que 12% apresentavam mutações de BRAF, 36% mutações de RAS e 76% haviam recebido ≥ 2 linhas de tratamento sistêmico prévias. A taxa de resposta a pembrolizumabe foi de 34%, com 10% de respostas completas e duração de resposta ≥ 36 meses em 92% dos pacientes que apresentaram o benefício.
Já a avaliação nos pacientes com tumores não-colorretais aconteceu no estudo KEYNOTE-158, que avaliou a eficácia de pembrolizumabe no tratamento de 355 pacientes com tumores sólidos não-colorretais avançados apresentando MSI-H ou dMMR, incluindo 83 pacientes com câncer de endométrio, 51 com câncer gástrico, 27 com tumores do intestino delgado e 22 com tumores do trato biliar. No tratamento do câncer de endométrio, a taxa de resposta foi de 51%, com duração de resposta ≥ 36 meses em 60% das pacientes; no câncer gástrico, a taxa de resposta foi de 37%, com duração ≥ 36 meses em 81% deles; nos tumores de delgado, a taxa de resposta foi de 56%, com duração de resposta ≥ 36 meses em 73% deles; e nos tumores do trato biliar, a taxa de resposta foi de 41%, com duração ≥ 36 meses em 42% dos pacientes.
“A aprovação da ANVISA para a população com instabilidade de microssatélites refratária aos tratamentos convencionais de primeira linha, apesar de bem-vinda, chega tardiamente. Seu uso foi aprovado em 2017 pelo FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos. Na população com câncer colorretal, pembrolizumabe já tem aprovação para uso em primeira linha. Nos demais tumores, imunoterapia já é uma opção para uso independente do status das enzimas de reparo para boa parte dos casos refratários à quimioterapia. Ademais, a aprovação se restringe a alguns tumores, excluindo outros com menor frequência de alterações onde respostas também foram documentadas, apesar de mais baixas. Porém, alguns casos específicos, principalmente portadores de tumores do intestino delgado e vias biliares, irão se beneficiar dessa inclusão em bula“, destaca o Dr. Gustavo Schvartsman, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida