Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

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Pembrolizumabe é aprovado para o tratamento adjuvante do câncer de pulmão no Brasil

A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 13 de março de 2023 o uso do imunoterápico pembrolizumabe para o tratamento adjuvante de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) em estádios IB (T2a ≥ 4 cm) a IIIA submetidos a ressecção cirúrgica completa e quimioterapia à base de platina. Essa é a 30ª indicação terapêutica de pembrolizumabe no país.

Os dados que embasaram a nova aprovação derivam do estudo de fase III KEYNOTE-091/PEARLS, que randomizou 1.177 pacientes com CPCNP em estádios IB (T2a ≥ 4 cm) a IIIA previamente operados entre tratamento adjuvante com pembrolizumabe ou placebo durante 1 ano. Não foi permitida a inclusão de pacientes tratados com quimioterapia ou radioterapia neoadjuvantes e 1.010 pacientes (86%) receberam quimioterapia adjuvante baseada em platina.

Dentre os pacientes tratados com quimioterapia adjuvante, população de interesse na aprovação, a idade mediana foi 64 anos, 49% possuíam idade ≥ 65 anos. Houve predominância de pacientes com doença estádio II (57%) frente aos estádios IB (11%) e IIIA (31%) e a distribuição dos pacientes de acordo com a expressão de PD-L1 foi semelhante (39% eram PD-L1 negativo, 33% com expressão entre 1 e 49% e 28% eram ≥ 50%).

O estudo foi positivo para o seu desfecho primário, demonstrando benefício na sobrevida livre de doença com o uso de pembrolizumabe na população global (HR=0,76; IC de 95%: 0,63-0,91; p=0,0014). Na subpopulação selecionada pela exposição prévia a quimioterapia adjuvante, uma análise exploratória demonstrou que o uso de pembrolizumabe reduziu em 27% o risco de recidiva de doença ou morte comparado a placebo (HR=0,73; IC de 95%: 0,60-0,89). A avaliação de sobrevida global do estudo ainda possui dados imaturos, com apenas 42% dos eventos pré-especificados atingidos. Na avaliação de segurança, a incidência de eventos adversos foi semelhante àquela apresentada por pacientes recebendo pembrolizumabe em monoterapia para o tratamento do CPCNP em outros cenários, destacando-se as taxas de hipotireoidismo (22%), hipertireoidismo (11%) e pneumonite (7%). Ocorreram dois eventos adversos fatais no braço tratado com pembrolizumabe.

Conforme destaca o Dr. Marcelo Corassa, oncologista clínico, pesquisador e líder da Unidade de Oncologia Torácica (Oncologia Clínica) da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo: “A imunoterapia com inibidores de checkpoints imunológicos foi revolucionária no tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas no cenário metastático. Os resultados recentes dos estudos de fase III randomizados IMPOWER-010 e, mais recentemente, KEYNOTE-091/PEARLS, demonstraram benefício significativo, também, no cenário adjuvante, trazendo novas perspectivas para o tratamento curativo de pacientes submetidos a cirurgia. Estes estudos trazem uma nova modalidade de tratamento, que, em conjunto com a quimioterapia neoadjuvante, também promovem uma revolução, desta vez no cenário curativo.

Com os resultados do tratamento neoadjuvante e adjuvante com imunoterapia, tornam-se imperativas duas medidas para os pacientes com câncer de pulmão e candidatos a cirurgia como tratamento curativo: realizar testes moleculares de forma precoce, considerando que o real benefício do tratamento ocorre em pacientes sem alterações moleculares, e, também, realizar a avaliação precoce do oncologista clínico juntamente com o cirurgião para determinar a melhor estratégia e sequência de tratamento.

De fato, a imunoterapia para pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas sem alterações em drivers moleculares acionáveis se tornou uma realidade a ser discutida no cenário curativo. Cirurgião torácico e oncologista andando lado a lado no cuidado do paciente será uma situação cada vez mais frequente, seja definindo para paciente com volumes de doença mais alto e já com indicação de quimioterapia para adicionar a imunoterapia no cenário neoadjuvante, seja para adicionar a imunoterapia no cenário adjuvante para pacientes já operados e que apresentam os critérios de inclusão dos estudos. Tratar câncer de pulmão de células não pequenas com tumores que tenham pelo menos 4 cm ou linfonodos positivos consiste, em 2023, em adicionar inibidores de checkpoint imunológico no arsenal terapêutico”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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