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Osimertinibe é aprovado pelo FDA para o tratamento de câncer de pulmão localmente avançado
Em 25 de setembro de 2024, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou uso de osimertinibe para o tratamento de pacientes adultos com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) localmente avançado, irressecável (estádio III), cujos tumores apresentam deleções no éxon 19 ou mutações L858R no éxon 21 do gene EGFR nos quais a doença não progrediu durante ou após quimiorradioterapia à base de platina.
Esta nova indicação terapêutica de osimertinibe é baseada nos resultados do estudo de fase III LAURA (NCT03521154), que randomizou 216 pacientes com CPCNP irressecável em estádio III com mutações no EGFR em uma proporção de 2:1 para receber osimertinibe ou placebo até progressão da doença ou toxicidade limitante. Dentre os pacientes incluídos, a idade média foi 63 anos, com 13% apresentando ≥ 75 anos. Ausência de histórico de tabagismo era reportado por 70% dos pacientes. Sobre os estádios de doença, 35% dos pacientes tinham CPCNP estádio IIIA, 49% dos pacientes tinham estádio IIIB e 16% dos pacientes tinham estádio IIIC. Histologia escamosa estava presente em 4%, enquanto 96% tinham histologia não-escamosa. Deleções do éxon 19 corresponderam a 54% das mutações e 45% tinham mutações L858R no éxon 21. Antes da randomização, 89% dos pacientes receberam tratamento com quimioirradiação concomitante e 11% dos pacientes receberam sequencialmente. Todos os pacientes receberam quimioterapia à base de platina (55% quimioterapia à base de carboplatina e 44% quimioterapia à base de cisplatina). A dose total mediana de radiação foi de 60 Gy para os pacientes em ambos os braços.
O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão, que apresentou benefício estatisticamente significativo e clinicamente relevante em favor do tratamento com osimertinibe, com uma mediana de 39,1 meses, em comparação com 5,6 meses no braço placebo (HR=0,16; IC de 95%: 0,10-0,24; p<0,001). A sobrevida global ainda não foi completamente analisada, mas não houve indicativos de piora no grupo tratado. Todos os pacientes foram submetidos a exames de ressonância magnética do cérebro no início do estudo e em cada acompanhamento durante o estudo. Em uma análise exploratória dos locais de recidiva, a proporção de pacientes com novas lesões no sistema nervoso central no momento da progressão da doença foi de 17/143 pacientes (12%) no braço de osimertinibe e 26/73 pacientes (36%) no braço placebo. Os efeitos adversos mais frequentes (≥ 20%) no grupo que recebeu osimertinibe incluíram linfopenia, pneumonite, neutropenia, diarreia e toxicidade ungueal, além de infecções como COVID-19.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida