Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Leucemias

Novo regime de tratamento combinado para leucemia linfocítica crônica aprovado no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA, aprovou o regime combinado do inibidor de BCL-2 venetoclax com o anticorpo monoclonal anti-CD20 obinutuzumabe para o tratamento de primeira linha de pacientes com leucemia linfocítica crônica (LLC). A aprovação deste regime de tratamento é baseada nos dados do estudo clínico de fase III CLL14.

Nesse estudo, 432 pacientes com LLC sem tratamento prévio com escore de comorbidades > 6 pela escala de doenças crônicas (Cumulative Illness Rating Scale – CIRS) ou clearance de creatinina calculado < 70 mL/min foram randomizados 1:1 para receber como tratamento de primeira linha o regime combinado de venetoclax e obinutuzumabe ou clorambucil e obinutuzumabe. Após um seguimento mediano de 28,1 meses, o tratamento com venetoclax e obinutuzumabe promoveu uma redução relativa de 65% no risco de progressão de doença ou morte quando comparado ao grupo controle, objetivo primário do estudo (HR=0,35; IC de 95%: 0,23-0,53; p<0,001). Na análise de subgrupos pré-especificada, o benefício foi demonstrado tanto em pacientes com alteração de TP53 quanto naqueles com IGHV não mutado. O tratamento com venetoclax e obinutuzumabe também foi associado a uma maior proporção de pacientes atingindo doença residual mínima negativa tanto no sangue periférico (75,5% versus 35,2%, p<0,001) quando na medula óssea (56,9% versus 17,1%, p<0,001), quando comparado ao braço controle de tratamento.

Na análise de segurança, a taxa de eventos adversos de graus igual ou maior a 3 foi de 78,8% naqueles tratados com venetoclax e obinutuzumabe e 76,6% no grupo controle. O regime estudado foi associado a um discreto aumento nas taxas de neutropenia e infeção de graus ≥3 (52,8% versus 48,1% e 17,5 versus 15%, respectivamente).

“Os pacientes com LLC têm sido submetidos à quimioterapia como tratamento inicial”, afirmou o Dr. Michael Hallek, médico do Hospital Universitário de Colônia, na Alemanha, e investigador principal do estudo.  “Esta aprovação proporciona aos pacientes com LLC, que ainda não receberam tratamento, iniciar com um tratamento de duração fixa, sem uso de quimioterapia, que pode permitir que vivam mais, sem progressão da doença, apresentando doença residual mínima indetectável (doença indetectável no sangue ou na medula óssea) e, mais importante,  permite que completem seu curso de tratamento em 12 meses”.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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