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Novo inibidor da PARP é aprovado para o tratamento do câncer de mama avançado no Brasil
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 09 de maio de 2022 o uso do inibidor da PARP talazoparibe para o tratamento de pacientes com diagnóstico de câncer de mama HER-2 negativo metastático ou localmente avançado em portadores de mutação germinativa de BRCA1/2 (gBRCAm) previamente tratadas com quimioterapia.
Essa indicação de tratamento foi avaliada no estudo EMBRACA, que incluiu 431 pacientes com câncer de mama HER-2 negativo metastático ou localmente avançado com gBRCAm tratadas com ≤ 3 regimes quimioterápicos (incluindo o uso de platinantes se intervalo livre de progressão ≥ 6 meses). As pacientes foram randomizadas entre talazoparibe ou quimioterapia à escolha do médico investigador (capecitabina, eribulina, gencitabina ou vinorelbina). Dentre a população avaliada, 14,6% das pacientes apresentavam história de metástases cerebrais, 70,3% apresentavam metástases viscerais, 44,1% possuíam doença triplo-negativa e 54,5% apresentavam mutação germinativa do gene BRCA2.
O tratamento com talazoparibe reduziu em 46% o risco de progressão de doença ou morte, objetivo primário do estudo, com medianas de 8,6 versus 5,6 meses (HR=0,54; IC de 95%: 0,41-0,71). A taxa de resposta foi de 62,6% com talazoparibe e 27,2% com quimioterapia. A avaliação de sobrevida global não demonstrou diferença estatística entre os braços (HR=0,85; IC de 95%: 0,67-1,07). Na avaliação de segurança, a taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 com talazoparibe foi de 69,6%. Eventos hematológicos acometeram 70,3% dos pacientes, sendo 56,3% de graus ≥ 3. As principais toxicidades não hematológicas foram fadiga, náuseas, cefaleia, alopecia e vômito.
Dra. Debora Gagliato, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, comenta: “em adição a olaparibe, talazoparibe consiste em uma importante medicação no tratamento de pacientes com câncer de mama avançado HER-2 negativo portadoras de mutação germinativa em BRCA 1 ou 2. O inibidor de PARP foi superior em relação à quimioterapia citotóxica convencional. Dados de qualidade de vida do estudo EMBRACA foram previamente publicados no periódico Annals of Oncology, e demonstram uma melhora global em qualidade de vida, que foi estatisticamente significativa observada no grupo talazoparibe em comparação com quimioterapia. Adicionalmente, talazoparibe foi associado a um atraso estatisticamente significativo para deterioração nos escores de qualidade de vida (HR 0,38), com mediana para deterioração de 24,3 versus 6,3 meses, no grupo talazoparibe e quimioterapia, respectivamente (p < 0,0001). Em um contexto de doença incurável, a qualidade de vida é um dos desfechos mais importantes, e talazoparibe se destacou claramente em relação à quimioterapia”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida