Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Cabeça e Pescoço

Novo imunoterápico aprovado para o tratamento do carcinoma de nasofaringe nos EUA

Em 23 de abril de 2025, o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso de penpulimabe, um anticorpo monoclonal anti-PD-1, para o tratamento de pacientes adultos com carcinoma nasofaríngeo (CNF) não queratinizante recidivado ou metastático. A aprovação abrange duas indicações: em combinação com cisplatina ou carboplatina e gencitabina como tratamento de primeira linha, e como agente único para pacientes que progrediram após quimioterapia à base de platina e pelo menos uma outra linha de tratamento.

A decisão do FDA foi fundamentada nos resultados dos estudos clínicos AK105-304 e AK105-202.

O estudo de fase III AK105-304 randomizou 291 pacientes com CNF recidivado ou metastático que não haviam recebido quimioterapia sistêmica prévia para a doença avançada entre receber penpulimabe ou placebo em combinação com cisplatina ou carboplatina e gencitabina, seguido de penpulimabe ou placebo. A população do estudo tinha idade mediana de 51 anos e 82% eram do sexo masculino. No momento da entrada no estudo, 80% dos pacientes apresentavam doença metastática. Os subtipos histológicos de CNF incluíram 96% de tipos não queratinizantes, 0,7% de carcinoma de células escamosas queratinizantes, enquanto 3,4% não tiveram subtipo identificado. No geral, 98% dos pacientes receberam cisplatina e 2,4% foram tratados com carboplatina. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP), que mostrou mediana de 9,6 meses no braço penpulimabe versus 7,0 meses no braço placebo (HR=0,45; IC de 95%: 0,33-0,62; p < 0,0001). A taxa de SLP aos 12 meses foi de 31% no braço penpulimumabe e 11% no braço placebo, respectivamente. Os dados de sobrevida global ainda são imaturos.

Já o estudo de fase II AK105-202, avaliou 125 pacientes com CNF não queratinizante irressecável ou metastático que haviam progredido após quimioterapia à base de platina e pelo menos uma outra linha de tratamento. Os pacientes receberam penpulimabe até progressão da doença ou toxicidade limitante, por um tempo máximo de 24 meses de tratamento. A idade mediana dos pacientes foi de 50 anos, 76% eram do sexo masculino e todos eram asiáticos. A avaliação de PD-L1 mostrou expressão < 1% em 10% dos tumores, entre 1-49% em 50%, expressão ≥ 50% em 37%, e níveis ausentes em 2,4%. Sessenta e três por cento tinham recebido 2 linhas anteriores de quimioterapia, enquanto 37% tinham sido expostos a ≥ 3 linhas. Noventa e dois por cento haviam recebido radioterapia previamente. A taxa de resposta objetiva foi de 28%, e a duração mediana de resposta não foi alcançada, porém 46% tiveram duração de resposta ≥ 12 meses.

Os eventos adversos mais comuns (≥ 20%) no tratamento combinado incluíram: náuseas, vômito, hipotireoidismo, constipação, diminuição do apetite, perda de peso, tosse, infecção por COVID-19, fadiga, rash cutâneo e febre. No uso como agente único, os eventos adversos mais frequentes foram: hipotireoidismo e dor musculoesquelética. Eventos adversos imuno-mediados, como: pneumonite, colite, hepatite, endocrinopatias, nefrite com disfunção renal e reações cutâneas, também foram observados. Eventos adversos fatais ocorreram em 1% dos pacientes, incluindo casos de pneumonite, choque séptico, colite e hepatite.

A dose recomendada de penpulimabe em combinação com quimioterapia é de 200 mg a cada três semanas, e como agente único, 200 mg a cada duas semanas, ambos até progressão da doença ou toxicidade limitante, por um máximo de 24 meses.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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