Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

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Novas perspectivas no algoritmo do tratamento do câncer de pulmão

No último congresso da Associação Americana de Pesquisa do Câncer (AACR), realizado entre os dias 14 e 18 de abril de 2018 em Chicago (EUA), foram divulgados os dados de dois estudos de fase III para o tratamento do câncer de pulmão metastático com imunoterapia: o Keynote-189 e o CheckMate 227.

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O estudo Keynote-189 randomizou 616 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas com histologia não escamosa e ausência de mutação de sensibilidade do EGFR ou fusão do ALK, independentemente do nível de expressão de PD-L1, para receberem tratamento quimioterápico de primeira linha com uma dupla de platina com pemetrexede associados à pembrolizumabe ou placebo por 4 ciclos, seguidos de manutenção com pembrolizumabe ou placebo.

Com o seguimento mediano de 10,5 meses, o estudo atingiu seu objetivo primário com benefício estatisticamente significativo em sobrevida global a favor do braço de tratamento com pembrolizumabe (HR 0,49; IC 95%, 0,38-0,64; p<0,001), além de alcançar também benefício em sobrevida livre de progressão (HR 0,52; IC 95%, 0,43-0,64; p<0,001) e maior taxa de resposta (47,6% vs 18,9%, p<0,001). Em relação a efeitos adversos, as toxicidades importantes (grau ≥3) foram semelhantes entre os grupos (67,2% vs 65,8%).

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O CheckMate 227 é um estudo dividido em partes, e os dados divulgados referem-se à parte 1 deste trabalho. Foram randomizados 1739 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado (histologias escamosa e não escamosa incluídas), sem mutações de sensibilidade do EGFR ou translocação do ALK, para receber tratamento sistêmico de primeira linha com nivolumabe, ou nivolumabe + ipilimumabe, ou quimioterapia com dupla de platina baseada na histologia.

Os objetivos coprimários do estudo foram a sobrevida livre de progressão do combo de imunoterapia versus quimioterapia na população com alta carga mutacional tumoral (≥10 mutações por megabase de acordo com o teste FoundationOne®) e também a avaliação da sobrevida global do combo de imunoterapia versus quimioterapia na população com expressão de PD-L1 ≥1%, cujos dados ainda são imaturos e não foram divulgados.

A análise da sobrevida livre de progressão na população com alta carga mutacional tumoral foi positiva, com ganho estatisticamente significativo de 1,7 meses em favor de nivolumabe + ipilimumabe versus quimioterapia (7,2 vs 5,5 meses; HR 0,58; IC 97,5%, 0,41-0,81; p<0,001). A taxa de resposta objetiva também favoreceu o combo de imunoterapia nesta população selecionada (45,3% vs 26,9%), e os eventos adversos de grau ≥3 foram numericamente inferiores com o combo de imunoterapia  frente à quimioterapia (31,2% vs 36,1%).

Ambos os estudos foram publicados no New England Journal of Medicine (Keynote-189 e CheckMate 227) na mesma data da apresentação no congresso.

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Ainda neste mesmo congresso, foram também atualizados os dados de sobrevida livre de progressão do estudo de fase III IMpower150, que randomizou pacientes portadores de câncer de pulmão avançado de células não pequenas e histologia não escamosa, independentemente da expressão de PD-L1 ou da presença de mutação de sensibilidade do EGFR ou fusão do ALK, para receberem tratamento com algum dos três esquemas: carboplatina + paclitaxel e atezolizumabe (braço A), carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe e atezolizumabe (braço B), ou carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe (braço C), demonstrando o benefício em sobrevida livre de progressão do tratamento com as quatro drogas (braço B), em todos os subgrupos considerados, independente da expressão de PD-L1 e da presença de mutações de sensibilidade do EGFR ou rearranjo de ALK. Previamente a isso, no início de abril, a farmacêutica Roche® divulgou nota a respeito do benefício em sobrevida global da combinação de carboplatina + paclitaxel + bevacizumabe + atezolizumabe, em análise interina do estudo, porém a magnitude do benefício ainda não foi divulgada.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida.

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