Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Neoplasias Hematológicas

Nova terapia aprovada nos EUA para o tratamento da mielofibrose com plaquetopenia

Pacritinibe, um inibidor de quinases oral dirigido a JAK2 e IRAK1, recebeu aprovação acelerada pelo FDA (Food and Drug Administration) em 28 de fevereiro de 2022 para o tratamento de pacientes com mielofibrose primária ou secundária (após policitemia vera ou trombocitemia essencial) com contagem plaquetária inferior a 50.000 células/µL. Esta é a primeira terapia aprovada neste cenário para pacientes com mielofibrose e citopenia.

O estudo de fase III que levou à aprovação é o PERSIST-2, que randomizou 311 pacientes com mielofibrose e plaquetopenia (≤ 100.000 células/µL) entre pacritinibe nas doses de 400 mg uma vez ao dia, 200 mg duas vezes ao dia ou melhor terapia disponível. Na coorte de pacientes com contagem plaquetária < 50.000 células/µL que recebeu tratamento com pacritinibe na dose de 200 mg duas vezes ao dia, a taxa de redução ≥ 35% do volume esplênico foi de 29% em comparação apenas 3% dos pacientes que receberam melhor terapia disponível, dentre as quais foi incluído o uso de ruxolitinibe. O tratamento com pacritinibe também foi associado a menor sintomatologia quando comparado ao braço de melhor tratamento ativo (25% versus 14%, o primeiro agregando ambos os braços de pacritinibe). Os eventos adversos mais frequentes com o inibidor de quinases foram diarreia, trombocitopenia, náuseas, anemia e edema periférico.

A aprovação definitiva é dependente dos resultados do estudo PACIFICA, com previsão de conclusão em meados de 2025.

A aprovação do pacritinibe é muito importante, uma vez que a citopenia é um fator limitante no tratamento da mielofibrose primária. Por exemplo, pacientes que apresentam citopenias, dentre elas a plaquetopenia, podem ser limitados para utilizarem o ruxolitinibe, pois pode ocorrer piora da plaquetopenia com o uso deste agente que possui eficácia e é aprovado para o tratamento da mielofibrose primária.

Com isso, uma opção terapêutica que não é limitada pela citopenia ou plaquetopenia é de grande importância nesta população, já que pode ampliar o arsenal de tratamento nestes pacientes mais citopênicos, permitindo que desfrutem do benefício de agentes com atividade na mielofibrose primária, sem que incorram em maiores riscos de agravamento das citopenias e complicações relacionadas ao mesmo”, comenta o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP, A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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