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Nova terapia antiandrogênica para o tratamento do câncer de próstata não metastático aprovada nos Estados Unidos
O câncer de próstata é a terceira neoplasia de maior incidência nos Estados Unidos, alcançado quase 10% do total de cânceres diagnosticados no país, e com uma estimativa de 175.000 novos casos para o ano de 2019. A despeito desses números elevados, novas terapias têm proporcionado taxas de sobrevida cada vez mais prolongadas, com uma sobrevida em 5 anos estimada em cerca de 98% atualmente. Para os pacientes com doença não-metastática resistente a castração (nmCRPC), o FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 30 de julho de 2019 o uso de darolutamida, um novo antagonista do receptor de androgênio que demonstrou benefício na redução do risco de metástases.
O tratamento com darolutamida foi avaliado no estudo de fase 3 ARAMIS, apresentado na ASCO-GU 2019, que randomizou 1509 pacientes com doença não-metastática resistente a castração de alto risco (PSA ≥ 2 ng/ml e tempo de duplicação do PSA ≤ 10 meses) para receberem a droga ou placebo associados a manutenção da terapia de supressão androgênica. O estudo atingiu seu objetivo primário, demonstrando benefício em sobrevida livre de metástases com o uso de darolutamida, apresentando medianas de 40,4 versus 18,4 meses (HR=0,41; IC de 95%:0,34-0,50; p<0,001). A análise de sobrevida global, um dos objetivos secundários do estudo, ainda é imatura, mas sugere benefício com o uso da droga (HR=0,71; IC de 95%:0,50-0,99). O tempo para progressão de dor, bem como tempo para inicio de quimioterapia e para desenvolvimento de evento esquelético sintomático também foram melhores nos pacientes que receberam tratamento com darolutamida.
No tocante a segurança do tratamento, o uso de darolutamida foi associado a uma taxa de eventos adversos de graus igual ou superior a 3 em 24,7% dos pacientes, sendo os mais comuns: fadiga, dor em extremidades e rash cutâneo.
“A darolutamida é o terceiro inibidor do receptor de androgênio de última geração a ser aprovado no cenário nmCRPC, juntamente com a enzalutamida e a apalutamida. O que chama atenção no estudo da darolutamida é o perfil de toxicidade bastante favorável sem grandes diferenças nas incidências de eventos adversos quando comparado com placebo. Adicionalmente, quando comparado indiretamente com o perfil de toxicidade de enzalutamida e apalutamida neste cenário, ressaltando-se que cuidado deve ser tomado ao se realizar comparações indiretas entre diferentes estudos devido a particularidades nas características da população recrutada, parece também ter um perfil discretamente mais favorável. O racional que poderia estar associado a esse resultado seria o fato de a darolutamida ter uma estrutura molecular bastante distinta de enzalutamida e apalutamida e não cruzar a barreira hemato-encefálica. Quem ganha são os pacientes que passam a contar com mais uma opção no cenário nmCRPC”, destaca o Dr. Fabio Schutz, oncologista da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo.
“Entretanto, considero importante enfatizar que este cenário é provavelmente bastante reduzido na prática clínica atual com uso de PET-CT PSMA Ga-68, portanto é importante continuar o desenvolvimento da darolutamida e tentar levar esta nova opção também para outros cenários mais comuns como a doença metastática sensível a castração, bem como a resistente a castração”, complementa.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida