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Nova formulação subcutânea de daratumumabe é aprovada nos EUA
Em 06 de novembro de 2025, o FDA (Food and Drug Administration) aprovou a combinação de daratumumabe e hialuronidase para o tratamento de pacientes adultos com mieloma múltiplo assintomático de risco alto (smoldering multiple myeloma, SMM). Essa é a primeira aprovação do FDA direcionada especificamente para a população com SMM de alto risco, devendo ser utilizada exclusivamente neste subgrupo. A nova indicação expande o uso de daratumumabe subcutâneo, já aprovado em combinações para mieloma múltiplo sintomático, e não se aplica a outras categorias de risco da doença.
A aprovação teve como base os resultados do estudo AQUILA, um ensaio clínico aberto e randomizado que incluiu 390 pacientes com SMM de risco alto. Os participantes foram alocados para receber daratumumabe e hialuronidase em monoterapia ou serem submetidos a monitoramento ativo. O braço de intervenção recebeu a dose subcutânea de 1.800 mg/30.000 unidades semanalmente nas primeiras 8 semanas, a cada duas semanas entre as semanas 9 e 24, e depois mensalmente a partir da semana 25 até completar 39 ciclos ou até progressão para mieloma múltiplo ou toxicidade limitante. Entre os pacientes incluídos, 41% apresentavam dois ou mais dos seguintes critérios: proteína monoclonal sérica > 2 g/dL, razão envolvida/não envolvida de cadeias leves livres > 20 e ≥ 20% de plasmócitos na medula óssea. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão (SLP), definida como diagnóstico de mieloma múltiplo conforme os critérios do IMWG ou morte.
A mediana de SLP não foi alcançada no braço tratado, enquanto no grupo de monitoramento foi de 41,5 meses (HR=0,49; IC de 95%: 0,36-0,67; p < 0,0001). A sobrevida global em 5 anos foi de 93,0% no grupo daratumumabe e de 86,9% no grupo de monitorização ativa. O evento adverso de grau ≥ 3 mais comum foi a hipertensão arterial, ocorrendo em 5,7% dos pacientes do grupo daratumumabe e em 4,6% dos pacientes do grupo de monitorização ativa. Eventos adversos levaram à descontinuação do tratamento em 5,7% dos pacientes do grupo daratumumabe, e não foram identificados novos sinais de preocupação quanto à segurança. Em bula, há advertências relacionadas a reações de hipersensibilidade, toxicidade cardíaca em pacientes com amiloidose de cadeias leves, infecções, neutropenia, trombocitopenia, toxicidade embriofetal e interferência em testes de compatibilidade sanguínea.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida