Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Ginecológico

Imunoterapia recebe a primeira aprovação para o tratamento de câncer de endométrio nos Estados Unidos

O uso de imunoterapia ganha cada vez mais espaço na oncologia. O mais recente avanço nesse cenário é representado pela aprovação da combinação de pembrolizumabe e lenvatinibe para o tratamento do câncer de endométrio avançado com ausência de instabilidade de microssatélite (MSI-H) ou deficiência de mismatch repair (dMMR) anunciada pelo FDA (Food and Drug Administration) em 17 de setembro de 2019.

Essa combinação de drogas foi avaliada em 108 pacientes com câncer de endométrio avançado, cuja doença apresentava progressão a ≥ 1 linha de terapia sistêmica e sem possibilidade de tratamento cirúrgico ou radioterápico com intuito curativo, através do estudo fase II KEYNOTE-146/Study 111. Dentre a população total incluída no estudo, 94 (79%) das pacientes apresentavam ausência de MSI-H ou dMMR. O tratamento com pembrolizumabe e lenvatinibe foi associado a uma taxa de resposta de 38,3%, com 10,6% de respostas completas nesse subgrupo de pacientes. A duração mediana do benefício ainda não foi atingida, entretanto 69% das pacientes que apresentaram resposta mantiveram o benefício por um período igual ou superior a 6 meses.

Dentre os eventos adversos mais comuns apresentados destacam-se fadiga, hipertensão arterial, mialgia, alterações do hábito intestinal, disfunções da tireoide, redução do apetite, náuseas e vômitos, perda de peso, infecção urinária, eventos hemorrágicos, hipomagnesemia, estomatite, síndrome mão-pé, disfonia, dispneia, tosse e rash cutâneo. Em uma análise prévia do estudo, incluindo 53 pacientes, a taxa de eventos adversos graves relacionados ao tratamento foi de 30%, e 10% das pacientes necessitaram tratamento com corticóide sistêmico em altas doses devido a apresentação de eventos adversos imunomediados.

As doses avaliadas nesse estudo foram pembrolizumabe 200 mg, EV, a cada 3 semanas, associado a lenvatinibe 20 mg, VO, 1x/dia.

Trata-se de importante aprovação no cenário metastático do câncer de endométrio, em que não há tratamento padrão em segunda linha. Tratamentos com monoquimioterapia em segunda linha geram taxas de resposta entre 10 e 25%, bem como pequena sobrevida livre de progressão. Dado que cerca de 75% das pacientes com tumores de histologia endometrióide apresentam ausência de instabilidade de microssatélite, a combinação poderá beneficiar uma grande parcela de pacientes”, comenta a Dra. Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

 

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