Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Neoplasias Hematológicas

Duas novas aprovações no cenário hematológico nos EUA

O FDA (Food and Drug Administration) concedeu nas últimas semanas a aprovação regulatória a dois agentes para o tratamento de doenças hematológicas. Na primeira delas, o composto de motixafortide com filgrastim (G-CSF) foi aprovado para a mobilização de células tronco hematopoiéticas em pacientes com mieloma múltiplo em planejamento de transplante autólogo. Já na segunda, momelotinibe foi aprovado para o tratamento de pacientes com mielofibrose e anemia.

A aprovação de motixafortide/G-CSF foi baseada nos resultados do estudo de fase III GENESIS, que incluiu 122 pacientes para receber tratamento com motixafortide/G-CSF ou placebo/G-CSF. A idade mediana dos pacientes foi 63 anos, 65% eram do sexo masculino e 70% eram previamente tratados com lenalidomida. O desfecho primário foi a taxa de pacientes com coleta de células-tronco de ≥ 6 × 106 células CD34+/kg em 2 sessões de aférese, taxa atingida por 67,5% dos pacientes no braço motixafortide/G-CSF, em comparação com 9,5% do braço placebo mais G-CSF (p<0,0001). Dentre os 94 pacientes no braço motixafortide/G-CSF, 5,4% experimentaram eventos adversos graves, incluindo: vômitos, reações no local da injeção, reação de hipersensibilidade, celulite no local da injeção, hipocalemia e hipóxia. Os efeitos adversos mais comuns (ocorrendo em ≥ 20% dos pacientes) foram: reações no local da injeção, como dor, eritema e prurido, além de prurido, rubor e dor nas costas.

Em relação ao uso de momelotinibe para o tratamento de pacientes com mielofibrose e anemia, a aprovação foi embasada pelos resultados do estudo de fase III MOMENTUM, que randomizou 195 pacientes com mielofibrose sintomática e anemia a uma razão 2:1 entre momelotinibe ou danazol. A idade mediana da população foi 71 anos, 79% possuíam ≥ 65 anos, 64% possuíam mielofibrose primária, 35% possuíam doença de risco alto e os pacientes receberam, em média, a transfusão de quatro unidades de hemácias nas oito semanas prévias ao início do estudo. O objetivo primário do estudo foi avaliar a taxa de pacientes com redução ≥ 50% no escore total de sintomas da Myelofibrosis Symptom Assessment Form (MFSAF v4.0) na semana 24. Os objetivos secundários incluíram o número de pacientes com independência transfusional e a taxa de resposta esplênica ≥ 25%, entre outros. Os resultados mostraram uma taxa de redução ≥ 50% no escore MFSAF em 35%  daqueles tratados com momelotinibe contra apenas 9% nos que receberam danazol (p<0,01). Adicionalmente, momelotinibe mostrou ser superior em termos de independência transfusional (30% versus 20%; p=0,023) e taxa de resposta esplênica (39% versus 6%; p<0,0001). Os eventos adversos mais comuns no braço momelotinibe em comparação com danazol foram: diarreia, náusea, astenia e prurido.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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