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Combinação de talazoparibe e enzalutamida é aprovada pela ANVISA para o tratamento do câncer de próstata metastático resistente à castração
Em 16 de junho de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) concedeu registro à combinação oral de talazoparibe, um inibidor de PARP, com enzalutamida para o tratamento de pacientes adultos com câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm), independentemente do status de mutação em genes de reparo por recombinação homóloga (HRR). Trata-se do primeiro regime combinado com inibidor da PARP a demonstrar benefício comprovado em sobrevida global aprovado no Brasil para primeira linha de CPRCm.
O aval regulatório baseou-se nos resultados atualizados do estudo de fase III TALAPRO-2, que incluiu 805 pacientes com CPRCm para receberem tratamento de primeira linha neste cenário de doença com a combinação de talazoparibe + enzalutamida (N=402) ou placebo + enzalutamida (N=403). A idade mediana foi 71 anos (33% com ≥ 75 anos), aproximadamente 22% haviam recebido docetaxel e 5% abiraterona no cenário sensível à castração.
Dados atualizados da análise final de sobrevida global demonstram benefício da combinação de talazoparibe e enzalutamida versus placebo com enzalutamida (HR=0,796; IC de 95%: 0,661-0,958; p=0,0155), com medianas de 45,8 e 37,0 meses, respectivamente. Análises de subgrupos pré-especificados demostraram um benefício com magnitude ainda maior em pacientes deficientes em HRR (HR=0,542; IC de 95%: 0,361-0,814). Dados atualizados de sobrevida livre de progressão radiográfica continuam a favorecer a combinação de enzalutamida com talazoparibe em comparação ao placebo (HR=0,667; IC de 95%: 0,551-0,807; p<0,0001), com medianas de 33,1 e 19,5 meses, respectivamente.
Os eventos adversos mais comuns no braço que recebeu o inibidor da PARP foram hematológicos, destacando-se anemia de grau ≥ 3 em 49 % dos pacientes, entretanto, apenas 8,5 % descontinuaram talazoparibe por anemia, manejada principalmente com redução de dose ou suporte transfusional. As taxas de toxicidade limitante permanecem baixas com seguimento adicional, sem novos sinais de segurança.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida