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Combinação de erlotinibe e ramucirumabe é aprovada pelo FDA e pela ANVISA para o tratamento do câncer de pulmão avançado com mutação de EGFR
O uso de anti-angiogênicos em combinação com o tratamento sistêmico é uma estratégia amplamente explorada em diferentes estudos avaliando o tratamento do câncer de pulmão avançado. Como resultado dessas pesquisas, o FDA (Food and Drug Administration) anunciou em 29 de maio de 2020 a aprovação da combinação do inibidor de tirosina quinase do EGFR erlotinibe com o inibidor de VEGFR2 ramucirumabe como regime de tratamento de primeira linha de pacientes portadores de câncer de pulmão de células não pequenas apresentando alterações do EGFR do tipo deleção no éxon 19 ou mutação no éxon 21 (L858R). Já no território nacional, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou a aprovação do mesmo regime em 08 de junho de 2020.
A utilização desse regime combinado é baseada nos resultados da parte B do estudo RELAY, que randomizou 449 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas avançado com mutação do gene EGFR sem tratamento prévio entre erlotinibe combinado a ramucirumabe ou a placebo. Com um seguimento mediano de 20,7 meses, o estudo atingiu seu objetivo primário, demonstrando que a combinação de erlotinibe e ramucirumabe foi associada a redução de 41% no risco de progressão de doença ou morte em comparação a erlotinibe combinado a placebo (HR=0,59; IC de 95%: 0,46-0,76; p < 0,0001). A taxa de resposta foi semelhante entre os braços ramucirumabe e placebo (76% e 75%, respectivamente), porém a duração de resposta foi significativamente superior com o uso de ramucirumabe (18,8 versus 11,1 meses). Os dados de sobrevida global ainda são imaturos, com taxas de sobrevida aos 12 meses de 93% e 94%, e aos 24 meses de 83% e 79%, para os braços ramucirumabe e placebo, respectivamente.
A taxa de eventos adversos de graus ≥ 3 foi de 72% no braço ramucirumabe e 54% no braço placebo, e os eventos adversos mais comuns em qualquer grau apresentados pelos pacientes que receberam o tratamento combinado com ramucirumabe foram diarreia, dermatite acneiforme, paroníquia, hipertensão arterial e elevação de ALT.
O regime combinado representa a primeira aprovação regulatória pela agência norte-americana de um inibidor de tirosina quinase do EGFR com um anti-angiogênico para o tratamento do câncer de pulmão de células não pequenas avançado, enquanto no Brasil o uso de erlotinibe possui aprovação prévia para uso combinado ao anti-angiogênico bevacizumabe.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida
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