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Brentuximabe vedotina recebe nova aprovação nos EUA para o linfoma de grandes células B recidivado ou refratário
O FDA (Food and Drug Administration) aprovou, em 11 de fevereiro de 2025, o uso de brentuximabe vedotina em combinação com lenalidomida e um produto à base de rituximabe para o tratamento de pacientes adultos com linfoma de grandes células B (LGCB) recidivado ou refratário. A nova indicação inclui pacientes com linfoma difuso de grandes células B (LDGCB) não especificado (NOS), LDGCB originado de linfoma indolente e linfoma de células B de alto grau (LCBAG), que tenham recebido ao menos duas linhas de tratamento sistêmico prévio e sejam inelegíveis para transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas (auto-TCTH) ou terapia com células CAR-T.
A aprovação foi baseada no estudo clínico ECHELON-3, que randomizou 230 pacientes adultos com LGCB recidivado ou refratário inelegíveis para auto-TCTH ou terapia com células CAR-T. Os participantes foram distribuídos aleatoriamente para receber brentuximabe vedotina + lenalidomida + rituximabe (BV+R2) ou placebo + lenalidomida + rituximabe (Pbo+R2) até a progressão de doença ou toxicidade limitante. O uso profilático de fator estimulador de colônias de granulócitos (G-CSF) foi obrigatório em ambos os grupos do estudo. Dos 230 pacientes randomizados, a mediana de idade foi de 71 anos. A população do estudo era composta por 57% de homens, 53% de indivíduos brancos, 26% asiáticos e 4% hispânicos ou latinos. Entre os participantes, 71% apresentavam LDGCB NOS, 26% tinham doença transformada a partir de linfoma indolente prévio e 16% apresentavam linfoma agressivo de células B de alto grau com rearranjos de MYC e BCL2 e/ou BCL6, ou LCBAG não especificado. Entre os pacientes com LDGCB NOS, 45% (n=73) apresentavam o subtipo GCB e 55% (n=91) o subtipo não-GCB. Vinte e nove por cento dos pacientes já haviam recebido terapia com células CAR-T, enquanto 12% tinham histórico de TCTH. O número mediano de tratamentos sistêmicos prévios foi de 3, com 41% dos pacientes recebendo duas terapias anteriores e 50% recebendo três ou mais. Além disso, 84% dos pacientes apresentavam doença refratária ao último tratamento recebido.
Os resultados demonstraram um benefício estatisticamente significativo na sobrevida global, com uma mediana de 13,8 meses no grupo BV+R2 versus 8,5 meses no grupo Pbo+R2 (HR=0,63; IC de 95%: 0,45-0,89; p=0,0085). Além disso, houve também benefício em sobrevida livre de progressão, com uma medianas de 4,2 versus 2,6 meses (HR=0,53; IC de 95%: 0,38-0,73; p<0,0001). A taxa de resposta objetiva também foi superior no grupo BV+R2, atingindo 64,3%, enquanto no grupo controle foi de 41,5%. Em relação à segurança, os eventos adversos mais comuns (≥ 20%) no braço BV+R2 foram: fadiga, diarreia, neuropatia periférica, rash, pneumonia e infecção por COVID-19. Entre as alterações laboratoriais de graus ≥ 3 mais frequentes estavam neutropenia, linfopenia, trombocitopenia e anemia. A neuropatia periférica foi observada em 27% dos pacientes, sendo predominantemente sensorial, levando à redução da dose em 6% dos casos e à descontinuação do tratamento em 4,5% dos pacientes.
O regime terapêutico aprovado prevê a administração de brentuximabe vedotina na dose de 1,2 mg/kg (máximo de 120 mg), a cada três semanas, em combinação com lenalidomida e rituximabe, até a progressão da doença ou toxicidade limitante.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida