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Aprovada imunoterapia no Brasil para tratamento de câncer de pele raro
No último dia 04 de junho de 2018 a aliança global Merck-Pfizer anunciou a aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária do imunoterápico avelumabe para tratamento do carcinoma de Merkel avançado.
Esta indicação foi baseada no estudo fase II JAVELIN Merkel 200. Este é um estudo de braço único, dividido em duas partes, que avaliou pacientes tratados com o anticorpo monoclonal anti-PDL1 avelumabe, após progressão a um esquema de quimioterapia (parte A) ou como primeiro tratamento sistêmico (parte B). No último congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO 2018), foram atualizados os dados da parte A deste estudo. Com seguimento mediano de 23,0 meses, a taxa de resposta foi de 33%, com 11,4% de respostas completas. A sobrevida livre de progressão (SLP) estabilizou-se em um platô de 29% nos seguimentos de 12 e 18 meses. A taxa de sobrevida global (SG) mediana atingida foi de 12,6 meses, com 36% de sobrevida aos 24 meses. Os dados em primeira linha têm um seguimento menor (5,1 meses), mas já pode se verificar uma alta taxa de resposta (62%), e 83% dos pacientes estavam vivos e sem progressão de doença aos 6 meses. A toxicidade observada foi similar aos outros inibidores de checkpoint anti-PD1 e anti-PDL1.
Figura 1: Eficácia de avelumabe e quimioterapia no carcinoma de Merkel.§
De acordo com o Dr Rafael Schmerling, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, “dada a baixa incidência desta patologia (0,6 casos por 100.000 habitantes/ano, segundo estatísticas americanas, ou seja, 50 vezes menor do que melanoma), associado à faixa etária dos pacientes acometidos (idade mediana 75-80 anos), a avaliação de tratamento através de estudo randomizado não é factível. Com dados da SG e sobrevida prolongada bastante superiores aos dados históricos com o uso de quimioterapia, avelumabe passa a ser a primeira escolha para o tratamento de carcinoma de Merkel avançado. A melhor taxa de resposta entre os pacientes sem tratamento prévio indica que não há motivo para reservar o tratamento para paciente que já tenham progressão a quimioterapia”.
Figura 2: Incidência do carcinoma de Merkel e melanoma em 100.000 habitantes/ano.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida.
§Referências:
1. D’Angelo SP, et al. Efficacy and Safety of First-line Avelumab Treatment in Patients With Stage IV Metastatic Merkel Cell Carcinoma: A Preplanned Interim Analysis of a Clinical Trial. JAMA Oncol 2018, Epub ahead of print, Mar 22.
2. Nghiem P, et al. Two-year efficacy and safety update from JAVELIN Merkel 200 part A: A registrational study of avelumab in metastatic Merkel cell carcinoma progressed on chemotherapy. Presented 2018 ASCO Annual Meeting. J Clin Oncol 36:abstr 9507, 2018.
3. Iyer JG, et al. Response rates and durability of chemotherapy among 62 patients with metastatic Merkel cell carcinoma. Cancer Med 5:2294, 2016.
4. Becker JC, et al. Merkel cell carcinoma. Nat Rev Dis Primers 3:17077, 2017.
5. SEER Cancer Stat Facts: Melanoma of the Skin. National Cancer Institute. Bethesda, MD.