Editores da série MOC: Antonio Carlos Buzaid - Fernando Cotait Maluf - Carlos H. Barrios

Editor-convidado: Caio Max S. Rocha Lima

Neoplasias Hematológicas

Momelotinibe é aprovado pela ANVISA para o tratamento da mielofibrose com anemia

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou, em 10 de março de 2025, o uso de momelotinibe para o tratamento de pacientes adultos com mielofibrose de risco intermediário ou alto e anemia, incluindo os casos de mielofibrose primária ou secundária (pós-policitemia vera e pós-trombocitemia essencial).

A aprovação foi baseada em dois estudos de fase III: SIMPLIFY-1 e MOMENTUM.

No estudo SIMPLIFY-1, 432 pacientes com mielofibrose sem tratamento prévio com inibidores de JAK foram randomizados para receber momelotinibe ou ruxolitinibe. A mediana de idade foi de 68 anos, sendo que 67% dos pacientes tinham ≥ 65 anos e 59% eram do sexo masculino. Sessenta e três por cento dos pacientes apresentavam mielofibrose primária, 13% mielofibrose pós-policitemia vera e 24% mielofibrose pós-trombocitemia essencial. Quanto à estratificação de risco, 4% dos pacientes foram classificados como risco intermediário-1, 25% como risco intermediário-2 e 71% como risco alto. Na avaliação basal, 29% dos pacientes tratados com momelotinibe e 44% dos tratados com ruxolitinibe eram independentes de transfusão (definido como ausência de transfusões de hemácias nas 12 semanas anteriores à primeira dose, com hemoglobina ≥ 8 g/dL). A mediana basal da hemoglobina foi de 8,8 g/dL, e a contagem plaquetária mediana foi de 193 × 10⁹/L. O tamanho mediano do baço palpável era de 12 cm abaixo do rebordo costal esquerdo. O volume esplênico mediano, por ressonância magnética ou tomografia computadorizada, foi de 1.843 cm³. Momelotinibe demonstrou taxa de independência transfusional de 67% na semana 24, superior ao ruxolitinibe (49%). A eficácia foi especialmente evidente entre pacientes com anemia grave (hemoglobina sérica < 10 g/dL) no início do estudo, com melhora significativa da sobrevida global neste subgrupo. Eventos adversos graves ocorreram em 28% dos pacientes com anemia que receberam momelotinibe no estudo SIMPLIFY-1. Os eventos adversos graves mais frequentes (≥ 2%) incluíram: infecção bacteriana (7%), pneumonia (6%), insuficiência cardíaca (4%), arritmia (2%) e insuficiência respiratória (2%). A descontinuação definitiva devido a eventos adversos ocorreu em 19% dos pacientes e a redução de dose ou interrupção do tratamento devido a eventos adversos foi necessária em 21% dos pacientes.

Já no estudo MOMENTUM, realizado em 195 pacientes anêmicos previamente tratados com inibidores de JAK, o momelotinibe foi comparado a danazol. A mediana de idade foi de 71 anos, sendo que 79% dos pacientes tinham ≥ 65 anos e 63% eram do sexo masculino. Sessenta e quatro por cento dos pacientes apresentavam mielofibrose primária, 19% mielofibrose pós-policitemia vera e 17% mielofibrose pós-trombocitemia essencial. Em relação ao risco prognóstico, 5% dos pacientes foram classificados como risco intermediário-1, 57% como risco intermediário-2 e 35% como risco alto. Nas oito semanas anteriores ao início do tratamento, 79% dos pacientes haviam recebido transfusões de concentrado de hemácias (mediana de 4 unidades). Na inclusão, 13% dos pacientes do grupo experimental e 15% do grupo danazol eram independentes de transfusão. A mediana basal da hemoglobina foi de 8 g/dL e a contagem plaquetária mediana foi de 96 × 10⁹/L. O tamanho mediano do baço palpável era de 11 cm abaixo do rebordo costal esquerdo, enquanto o volume esplênico mediano, medido por ressonância magnética ou tomografia computadorizada, foi de 2.105 cm³. O estudo alcançou todos os desfechos clínicos, com destaque para melhora dos sintomas constitucionais avaliados pelo MFSAF v4.0 (25% versus 9%; p < 0,01), redução da esplenomegalia ≥ 25% (39% versus 6%; p < 0,0001) e maior independência transfusional (30% versus 20%; p = 0,023) no grupo que utilizou momelotinibe. Eventos adversos graves ocorreram em 35% dos pacientes que receberam momelotinibe no estudo MOMENTUM. Os eventos adversos graves mais frequentes (≥ 2%) incluíram: infecção bacteriana (8%), infecção viral (5%), sangramento (4%), lesão renal aguda (3%), pneumonia (3%), febre (3%), trombose (3%), síncope (2%), trombocitopenia (2%) e infecção do trato urinário e/ou renal (2%). A descontinuação definitiva devido a eventos adversos foi observada em 18% dos pacientes e redução de dose ou interrupção do tratamento devido a eventos adversos ocorreu em 34% dos pacientes.

Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida

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