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Regime combinado de carfilzomibe com daratumumabe e dexametasona é aprovado no Brasil
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 10 de maio de 2021 o uso do inibidor de proteassoma carfilzomibe combinado a daratumumabe e dexametasona para o tratamento de pacientes portadores de mieloma múltiplo recidivado que receberam de uma a três terapias prévias. A aprovação do regime combinado foi baseada em dois diferentes estudos clínicos.
“A combinação de daratumumabe, carfilzomibe e dexametasona (KdD) é altamente eficaz, uma vez que combina um potente inibidor de proteasoma – carfilzomibe – a um anticorpo monoclonal – daratumumabe”, destaca o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
No estudo clínico de fase III CANDOR, 466 pacientes foram randomizados entre carfilzomibe combinado a daratumumabe e dexametasona (KdD) ou carfilzomibe e dexametasona (Kd). Aproximadamente 15% dos pacientes apresentavam doença de alto risco segundo a avaliação por hibridização fluorescente in situ (FISH), pouco menos de 20% apresentava doença estágio III pelo ISS, cerca de um quinto havia recebido 3 regimes de tratamento prévios e mais da metade dos pacientes havia recebido transplante autólogo. A dose de carfilzomibe utilizada no estudo foi 20 mg/m2 na dose inicial, seguido de aumento para 56 mg/m2 a partir do D8 e administrado duas vezes por semana por 3 semanas seguidas a cada 28 dias. A sobrevida livre de progressão, objetivo primário do estudo, favoreceu o braço tratado com o regime KdD (HR=0,63; IC de 95%: 0,46-0,85; p=0,0014). A taxa de resposta também foi superior no braço KdD (84,3% versus 74,7%), bem como a duração mediana de resposta, que não foi atingida no braço KdD e foi de 16,6 meses no braço Kd.
Já o estudo EQUULEUS avaliou o regime KdD utilizando a dosagem de carfilzomibe em dose inicial de 20 mg/m2 seguido de aumento para 70 mg/m2 uma vez por semana por 3 semanas seguidas a cada 28 dias em 85 pacientes com mieloma múltiplo previamente tratado. A sobrevida livre de progressão mediana com o regime foi 26 meses, a taxa de resposta foi 81% e a duração mediana de resposta foi 28 meses. A taxa de sobrevida global foi 82% e 71% aos 12 e 24 meses, respectivamente.
O Dr. Phillip conclui que “a aprovação da combinação inclui o tratamento de pacientes que já malograram várias linhas prévias, cenário com opções limitadas e com taxas de respostas mais baixas e pouco duradouras até então. Os resultados de eficácia e segurança dos estudos sugerem que provavelmente KdD se tornará o tratamento padrão em pacientes já politratados e refratários. Uma situação bastante complexa na prática clínica é apresentada pelos pacientes que progridem na vigência de lenalidomida de manutenção após terem recebido tratamento prévio com inibidores de proteasoma, imunomoduladores e transplante autólogo. Ainda assim, KdD também demostrou ter atividade nesse cenário”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida