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Novo CAR-T aprovado para o tratamento do mieloma múltiplo refratário nos EUA
O FDA (Food and Drug Administration) aprovou em 26 de março de 2021 o uso da terapia celular com células T com receptor de antígeno quimérico (CAR-T) dirigido ao antígeno de maturação de células B idecabtagene vicleucel para o tratamento de pacientes portadores de mieloma múltiplo recidivado ou refratário previamente tratados com quatro ou mais linhas de terapia sistêmica, incluindo um agente imunomodulador, um inibidor de proteassoma e um anticorpo monoclonal anti-CD38.
A eficácia e segurança do tratamento foi avaliada no estudo KarMMa, que incluiu 127 pacientes com mieloma múltiplo recidivado ou refratário previamente expostos a três ou mais linhas de tratamento, sendo que 88% deles haviam recebido quatro ou mais linhas. A análise de eficácia foi conduzida entre 100 pacientes que receberam o CAR-T em uma dose entre 300 a 460 x 106 células. A taxa de resposta ao tratamento foi de 72%, com 28% de respostas completas. Dentre os pacientes que apresentaram resposta completa, 65% mantiveram o benefício por ao menos 12 meses. Os eventos adversos mais frequentes ao tratamento com o CAR-T foram síndrome de liberação de citocinas, infecção, fadiga, dor musculoesquelética e hipogamaglobulinemia.
“Essa é a primeira aprovação de CAR-T no tratamento do mieloma múltiplo. Essa modalidade de terapia já fora aprovada para algumas formas de leucemia linfoblástica aguda e em certos tipos de linfomas. A taxa de resposta nessa população politratada chama a atenção, assim como a duração de resposta, já que os dados de estudos iniciais com CAR-T mostravam taxas de respostas elevadas, porém com duração abreviada. Os estudos mais recentes demonstram maior duração de resposta, o que possivelmente contribui favoravelmente para a presente aprovação. Em paralelo, outras terapias inovadoras como anticorpos conjugados e biespecíficos que também reconhecem o BCMA (o mesmo alvo do CAR-T) também mostram resultados animadores. Será interessante acompanhar como essas novas classes terapêuticas serão incorporadas na prática clínica em um futuro breve”, comenta o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida