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Terceiro produto de terapia celular avançada para o tratamento do câncer é aprovado pela ANVISA
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou em 25 de outubro de 2022 a terceira terapia gênica baseada em células T de receptores de antígenos quiméricos (células CAR-T), chamado axicabtagene ciloleucel para o tratamento de pacientes adultos com linfoma de grandes células B recidivado ou refratário ao tratamento com duas ou mais linhas de terapia sistêmica.
O uso de axicabtagene ciloleucel neste cenário foi avaliado no estudo de fase II ZUMA-1, que incluiu pacientes com linfoma de grandes células B recidivado ou refratário a ≥ 2 linhas de terapia sistêmica. Não foi permitida a inclusão de pacientes que receberam previamente transplante alogênico de células hematopoiéticas ou com história de linfoma no sistema nervoso central. A taxa de resposta às células CAR-T foi 83%, com 58% de respostas completas atingidas com um seguimento mediano de 27,1 meses. A duração mediana de resposta foi 9,2 meses, sendo que nos pacientes com resposta completa a duração de resposta mediana não foi alcançada. Dados atualizados após um seguimento superior a 4 anos demonstram sobrevida global mediana de 25,8 meses e taxa de sobrevida global aos 4 anos de 44%. A agência destaca a necessidade de atenção aos eventos adversos relacionados ao tratamento, particularmente a síndrome de liberação de citocinas, toxicidade neurológica, citopenias prolongadas e infecções graves.
Previamente, a ANVISA já havia concedido aprovação para o uso de tisagenlecleucel para o tratamento da leucemia linfoblástica aguda de células B e do linfoma difuso de grandes células B, além do uso de ciltacabtageno autoleucel para o tratamento do mieloma múltiplo. Ambas as aprovações ocorreram no primeiro semestre de 2022.
Segundo destaca o Dr. Phillip Scheinberg, chefe da divisão de Hematologia Clínica da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo: “esta é a segunda aprovação da terapia CAR-T para alguns subtipos de linfomas não-Hodgkin recidivado/refratário no Brasil. Os resultados com essa modalidade de terapia celular impressionam pelas taxas de respostas completas e sua duração. Algumas toxicidades são inerentes a esse tratamento, como síndrome liberação de citocinas e neurotoxicidade mediada por células imunes efetoras. Em contraste à aprovação prévia para linfoma difuso de grandes células B (tisagenlecleucel), o axicabtagene ciloleucel recentemente aprovado inclui também pacientes com linfoma folicular transformados ou não em linfomas agressivos. Isto amplia as indicações para terapia CAR-T além dos linfomas não-Hodgkin agressivos de grandes células B. Os resultados a longo prazo com a terapia CAR-T nos linfomas têm mostrado que 40 a 50% dos pacientes se mantem em remissão, demonstrando um excelente controle prolongado. A aplicação da terapia CAR-T tem sido desenvolvida para linhas mais precoces especialmente naqueles com linfomas com perfil de resistência mais agressivo e menos responsivo às terapias quimioterápicas convencionais. A perspectiva com os novos tipos de CAR-T é que esses resultados sejam ainda melhores com os produtos de gerações futuras”.
Por Dr. Daniel Vargas P. de Almeida